Nossa mente é como um carro. Precisa de manutenção permanente. Assim como um automóvel, é preciso estar atento aos sinais que ela dá. Caso contrário, ela pode trabalhar além do seu limite, superaquecer demais e pifar. É o que chamamos de burnout. Tenho visto muita gente em claro movimento de burnout, de esgotamento mental e físico, porque não deu a devida atenção aos avisos que o “painel do carro” traz.
O principal sinal de alerta que a nossa mente nos dá é o sono. O sono é praticamente o alarme do carro: soa quando algo não vai bem. Distúrbios no sono são a primeira reação do corpo e da mente de que você se descuidou e cruzou a fronteira da saúde mental para entrar no território da saúde mental prejudicada.
Outro sinal de que a mente não vai bem são as pequenas alterações de humor que surgem em decorrência da má qualidade do sono. As primeiras pessoas que costumam perceber mudanças são aquelas que estão no entorno: a família, os amigos, os colegas de trabalho. Em vez de mais sorridente e alegre, quem dorme mal fica mais irritado com barulhos, com notícias, enfim, com quase tudo.
Esse é o momento de começar a agir e colocar a mente para fazer uma manutenção programada. Como se faz isso? Primeiro, impondo limites para as atividades que você faz no dia a dia, especialmente aquelas que exigem muito. Por que levar o celular para a mesa e ficar usando a mente para checar notícias ruins quando você poderia estar desfrutando da companhia de quem senta à mesa com você? Use esse tempo para jogar conversa fora, para rir. Organize-se de forma a ter ao menos 30 a 40 minutos por dia para fazer algo de que gosta. Vale tudo, até tomar um banho mais longo e gostoso.
Meditar é outra das manutenções programadas que traz um benefício incrível à mente. Há várias técnicas de meditação disponíveis na internet e a maior parte delas só vai exigir de você 20 minutos diários. E, como eu sempre repito, tente fazer alguma atividade física. Trinta minutos diários já são suficientes para reduzir o nível de estresse mental e relaxar. Investir na manutenção programada tem a vantagem de ser preventiva – e não reativa -, ajudando a reduzir as chances de superaquecimento da nossa cabeça.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
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