Com a modernidade atual, temos acesso a todo tipo de comida vinda de grandes distâncias. Mas será que essa é a melhor opção?
O transporte de alimentos é um dos maiores responsáveis pelas emissões de CO2 e podemos mudar isso! Sem extremismos, podemos sim continuar tomando champanhe e vinhos de outros países, mas, a questão é diminuir e fazer escolhas. Balancear suas emissões.
Há pouco menos de cem anos, as pessoas sabiam qual a época de colheita dos alimentos. Hoje, nas grandes cidades, às vezes as crianças nem sabem que as frutas vêm de uma árvore!
Segundo a medicina Ayurveda, que tem como princípio de ensinamento a prevenção, existe um fundamento para se alimentar de acordo com as estações. Os alimentos são mais ricos em nutrientes e estudos confirmam a concentração destes, principalmente vitamina C.
Colher o alimento na hora certa e consumi-lo o mais rápido possível é a maneira mais eficiente de nutrição pois, não basta se alimentar, mas precisamos também nos nutrir.
Para o alimento atingir sua maturação e sua completa absorção dos nutrientes, ele tem que ficar todo o processo de amadurecimento na planta. Colher verde e ter o alimento amadurecendo na sua casa é como ter meio alimento. Principalmente aqueles que vêm de tão longe.
Consumir alimentos locais ajuda no crescimento da comunidade em volta, diminui o uso do transporte, estimula uma agricultura sazonal e estes produtos se alinham com as necessidades de quem vive ali. O mel das abelhas de flores locais, por exemplo, são os mais indicados para evitar alergias causadas pelas mesmas plantas.
A mudança de estação traz alimentos que ajudam na adaptação com o clima e nos fortificam para evitar doenças.
Nos tempos modernos, não dormimos mais quando o sol se põe, não nos alimentamos de acordo com a comida local, não nos conectamos com os ciclos da natureza e nossa homeostase fica maluca. “Mens sana in corpore sano” (mente sã, corpo são) é o que se deveria ter como regra, respeitadas as deliciosas exceções, claro.
A Ayurveda, que tem origem na Índia, promove todos esses ensinamentos e pasmem: a Índia é a capital da diabetes e, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), é o principal país a ter o futuro comprometido em termos de saúde por maus hábitos alimentares. Não basta inventar a Ayurveda, é preciso seguir! É triste esse fato.
E qual vinho para o inverno?
A uva colhida antes da sua maturação é mais concentrada em acidez que, consequentemente, produz um vinho com mais frescor. Queremos frescor no inverno? Muitas vezes sim, para balancear nossos hábitos. Uma sopa de peixe, um creme de alho poró, um suflê de cenoura, uma lasanha de abobrinha, uma moqueca, uma sopa de feijão (vai muito bem com champanhe rosé) e assim por diante. Pratos leves, fora a sopa de feijão, que balanceiam as refeições mais ricas e gordurosas que o corpo pede no frio.
Para os vinhos tintos, que são os primeiros vinhos associados ao frio, a sensação é outra. São mais encorpados, têm mais fruta madura, especiarias, têm maior nível alcoólico e a sensação de esquentar o corpo vem de forma quase automática.
Risotos ricos em gordura, carnes e cogumelos pedem vinho tinto – de preferência de varietais mais ricas como Cabernet Sauvignon, Zinfandel, Sangiovese, Syrah e os blends clássicos. Cheeseburger com Merlot? Por que não? E com Pinot? Também.
Para os não amantes de carnes, sugiro um prato de berinjela, abobrinha, pimentões, tomates, castanhas, especiarias, ervas frescas, vinho, muito azeite, sal e pimenta, feito no forno. Se quiser, adicione uva passa. Fácil e pode ser usado como molho de macarrão. Um malbecão, como muitos brincam, pelo seu corpo forte, preenche e aquece essa refeição. Todas que são feitas no forno, trazem esse calor interno, que tanto precisamos no frio. A gordura, pode ser do azeite.
Sugestão para um dia livre: começar o dia com mingau de aveia e champanhe demi-sec. Para o almoço, uma refeição rica em proteína e molhos escuros, como cogumelos e um vinho tinto bem delicioso e aveludado. No lanche da tarde, chocolate amargo e vinho do Porto e para o jantar, sopa de legumes com pinoles, torrada de pão com azeite e alho (espanta vampiro, é bom pra saúde e quem ama beija com alho e tudo) e um vinho branco.
Isso é só uma ideia de nutrição, com elementos quentes, vinho mais alcoólico no almoço, quando o metabolismo está mais acelerado e digere melhor do que à noite, jantar mais leve pra equilibrar, mas, obviamente, isso é só uma possibilidade entre as infinitas que cada pessoa, com suas possibilidades e gostos, pode inventar e criar. Quer tomar vinho tinto o dia todo? Tome. Diversificar é o segredo. Brincar e experimentar é divertido e expande o paladar e a mente.
Nosso corpo é incrivelmente inteligente. Ele vai pedir o que precisa, só precisamos nos conectar com ele e senti-lo. O que ele geralmente pede é harmonia. Harmonize seu inverno!
Tchin tchin
Carolina Schoof Centola é fundadora da TriWine Investimentos e sommelière formada pela ABS, especializada na região de Champagne. Em Milão, foi a primeira mulher a participar do primeiro grupo de PRs do Armani Privé.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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