Eu não escrevi o título errado. É isso mesmo que eu acho.
Falar sobre propósito está na moda. Mas os gurus, livros e palestras plantam um desespero na gente. Eles falam como se existisse um manual secreto escondido, com todos os detalhes do plano da nossa vida. E enquanto não o encontramos, estamos perdidos e desorientados. A maioria converge para a indicação de que esse guia está escondido justamente dentro de você, como se fosse algo que te deram antes de nascer.
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Eu confesso: acredito em propósito, chamado e vocação. Acredito profundamente que exista um sentido maior para as coisas, uma vida eterna e um Criador.
Mas ter alguém te pressionando a encontrar o seu propósito com urgência é mais chato do que ter um cunhado crossfiteiro ou entusiasta de algum esquema de marketing de pirâmide.
Entendo a importância do tema e a pressa. Mas preciso dizer que o desespero nessa busca pode atrapalhar mais do que ajudar.
Todos nascemos com aptidões. Uns têm habilidades manuais, outros uma boa memória, facilidade com números, bom gosto artístico, força física ou excelente capacidade para se comunicar em público. Há uma infinidade de talentos e combinações deles. Mas cada um de nós veio de um contexto. Cada um tem a sua velocidade de assimilação e amadurecimento.
Imagine que uma criança nasce com uma capacidade especial para ser a pianista mais habilidosa do mundo. Mas nunca chega perto de um piano. Porque seus pais, sem saberem do que suas mãozinhas podem fazer, inscrevem a menina em cursos de autoconhecimento e ela fica meditando por anos para encontrar sua posição no mundo. Será que essa foi a melhor ajuda que os pais poderiam dar a ela? Ou ela devia ter gasto a sua infância experimentando coisas, conhecendo diferentes universos de atividades, testando seus talentos?
A busca pelo propósito revela um vazio que temos em nós. Uma busca por algo maior. Eu também já senti isso muitas vezes. E as minhas respostas vieram através do tempo e da fé. E ainda não vieram todas elas.
Na busca pelo sentido das coisas, devemos continuar dando o nosso melhor. Ficar atentos. Observar. Experimentar. Nos conhecermos. E deixar os ouvidos do coração bem abertos.
A ficha vai cair. Na hora certa. Mas o processo é importante, não adianta atropelar. Com o tempo, descobrimos que, na verdade, esse “manual” não vem com detalhes escritos. Não vem com uma obrigação de tarefas. Nem com datas marcadas. E talvez não venha com aquelas coisas que os gurus dizem por aí.
Ninguém tem a obrigação de encontrar o propósito hoje mesmo. Pode ser amanhã. Ou ano que vem. Ou bem depois. Mas não trave durante a busca. Há mais chances de o encontrarmos enquanto caminhamos do que parados. Porque, no fundo, o propósito está mais ligado ao “jeito como vamos” do que ao “lugar aonde chegamos”.
João Branco é o CMO do McDonald’s no Brasil e lidera o talentoso time que está batendo todos os recordes da história do Big Mac. Presença constante nos rankings dos profissionais de Marketing mais reconhecidos do Brasil, João estudou em algumas das melhores universidades do mundo, mas aprendeu no “Méqui” o que nenhuma aula teórica foi capaz de ensinar: que o resultado sempre vem quando o consumidor ama muito tudo isso. João já foi presidente da ABA e duas vezes palestrante TEDx. É um dos marketeiros brasileiros mais influentes – seus textos são lidos por mais de 1 milhão de pessoas todos os meses. Linkedin/Instagram: @falajoaobranco
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