Você que me lê neste espaço certamente tem perfis em várias redes sociais. Por isso, deve estar familiarizado com discursos de ódio, comentários destrutivos e ofensivos postados para atingir uma pessoa que publicou uma opinião, comentou algo que achava relevante e ou mesmo gratuitamente. É possível que você já tenha sido vítima de um desses haters. Eu já fui.
Se por um lado as mídias sociais permitiram a todos, absolutamente todos que dispõem de um celular, manifestar as suas opiniões, por outro nos deixou expostos e vulneráveis a esse tipo de ataque e assédio. E eles estão ficando mais violentos. Quatro em cada 10 americanos já foram agredidos ou assediados na internet, segundo uma pesquisa do Instituto Pew, principalmente adolescentes e jovens adultos de até 30 anos.
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Por que algumas pessoas só conseguem interagir com outras adotando um comportamento odioso e crítico? Nenhum hater tem prazer em chutar cachorro morto, como se costuma dizer. O que ele quer é fazer o maior estrago possível, por isso, quase sempre escolhe atacar pessoas com um grande número de seguidores, pois, em tese, o prejuízo para aquelas pessoas é maior. E, frequentemente, escolhe pessoas que ele percebe diferentes de si mesmo, com uma opinião diversa da que ele teria sobre qualquer assunto.
O fato de as agressões serem anônimas, já que boa parte dos perfis são falsos ou são falsas as identidades dos donos desses perfis, serve como um escudo de proteção para esses haters. Será que eles teriam coragem de dizer as mesmas coisas a alguém se estivessem frente a frente com o seu alvo?
Alguns estudos têm indicado que existe uma dose de sadismo e até de psicopatia nos haters. Eles têm um déficit de empatia, sentindo-se bem por causarem dano ao outro.
De fato, discursos de ódio na internet são um estressor permanente para a pessoa que os recebe. Podem causar baixa de autoestima, problemas com o sono e, naqueles que são vulneráveis, depressão e até ideias suicidas. Recentemente, a cantora Luísa Sonza revelou ter ficado traumatizada com um linchamento que sofreu nas redes sociais e disse ter precisado procurar ajuda de um psiquiatra.
Interessante notar que experiências negativas na internet têm um impacto maior sobre a saúde mental do que as positivas, segundo revelou uma pesquisa de 2018 da Universidade de Pittsburgh.
Como minimizar o impacto causado pelos haters? A primeira lição é manter as coisas pessoais mais privadas. Todo mundo quer exibir a sua vida pessoal na internet, mas será que é preciso abrir toda a vida? Resguarde-se.
Não entre no jogo deles. Responder ao hater só dará a ele a atenção que ele quer. O problema está com ele, e não com você.
Pense antes de postar. Um dos comportamentos mais característicos dos usuários de redes sociais é compartilhar e postar rapidamente, sem pensar. Pare alguns minutos e reflita. Isso o ajudará a avaliar se vale mesmo a pena se posicionar ou opinar, para que não se arrependa depois.
Gerencie o seu histórico de localização. Isso pode evitar que alguém descubra onde você mora ou está.
Por fim, se você é vítima de linchamento virtual, denuncie. Qualquer manifestação que atinja a honra, a imagem e a privacidade de alguém é crime.
Dr. Arthur Guerra é professor da Faculdade de Medicina da USP, da Faculdade de Medicina do ABC e cofundador da Caliandra Saúde Mental.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
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