“Eu dou esse olhar, esse foco, em negócios de impacto porque acredito que unem a rentabilidade com a resolução de problemas sociais e ambientais”, diz Alex Seibel, sócio e diretor da HS Investimentos.
Ele é o convidado do nono episódio do Forbes GX Series, uma série de entrevistas comandadas por Flavia Camanho Camparini, especialista em governança familiar e estratégia de desenvolvimento humano, fundadora do Flux Institute e professora convidada dos programas do IBGC (Instituto Brasileiro de Governança Corporativa), FBN (Family Business Network) e FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina). A série tem apoio da PwC.
Confira a entrevista:
Flavia Camanho: Alex, quem é você e o que você faz no mundo?
Alex Seibel: Flavia, obrigada pelo convite. Eu sou pai do Noah, sou brasileiro, neto de imigrantes poloneses judeus. Basicamente, atuo no family office, na holding de investimentos do meu núcleo familiar, onde a gente administra investimentos em diversas classes de ativos, incluindo os negócios que deram origem ao grupo, que são a Duratex e a Leo Madeiras.
FC: Quando caiu a ficha de que você era membro de uma família empresária?
AS: Bom, eu, desde cedo, desde criança, ia para as lojas da empresa e costumava brincar. Com cinco ou seis anos, brincava nas pilhas de madeira. Logo com 13 anos eu fiz meu primeiro estágio de office boy. Na época existia isso, esse cargo hoje não existe mais. Foi uma forma de já me inteirar bem na base do negócio. Depois fui vendedor, (trabalhei) no RH, depois no instituto. Assim foi indo ao longo de muitos anos da minha vida mesmo depois de formado.
Depois que eu tive uma atuação mais séria, profunda, numa investida de um negócio de cosméticos lá no Sul, em Porto Alegre. Fiquei dois anos e meio lá, o que acabou resultando na fusão com a The Body Shop, na entrada da The Body Shop no Brasil. Voltei para São Paulo, iniciei a minha trajetória nesse mundo, empreendendo em três negócios.
O primeiro é a Positiva, que é uma empresa B, focada em produtos de limpeza ecológicos baseados na economia circular, ou seja, embalagens que nunca viram lixo. Elas sempre podem ser reaproveitadas. A gente usa matéria-prima que iria parar no oceano. A gente intercepta – já foram nesses cinco a seis anos de história – 50 toneladas de resíduos.
O segundo capítulo é uma gestora de venture capital de impacto, onde a gente já fez dez investimentos em saúde, educação, em resíduos, na cadeia de resíduos para mitigar e fomentar uma cadeia de reciclagem. A gestora também, com alguns sócios, atua nesses vários setores.
A terceira iniciativa é a Polo Energia, que é uma holding de negócios de energia. Entre as atuações, a gente tem uma empresa de geração de energia solar, onde já foram captados, agora, R$ 500 milhões em investimentos, que a gente vai fazer usinas solares em Minas.
Basicamente, essa minha indagação filosófica existencial eu consegui, até agora, responder com negócios escaláveis, soluções de mercado para atender e tentar resolver alguns problemas graves do nosso século.
FC: Qual conselho você daria para membros de família empresária?
AS: É comum ver pessoas desperdiçando seu potencial, porque ou se acomodam demais ou ficam oprimidas pelas expectativas da geração anterior. Eu diria que não (deve) se conformar e (deve) ir atrás do que realmente te motiva. Acho que depois que encontrar, (deve) se conhecer para usar os recursos à sua disposição para realmente ir até o fim. Cada caso é um caso, cada pessoa é uma pessoa, mas eu acredito que se existe uma vontade interna de fazer alguma coisa, precisa dar vazão a ela e não ficar acomodado e nem se sentir oprimido e limitado, eventualmente, por motivos externos.
FC: Como você está escrevendo o seu legado?
AS: Nessa nova fase, após ter criado esses negócios de impacto, eu me juntei ao family office, à holding familiar. Hoje eu abri um núcleo de negócios de impacto, onde, além dessas minhas iniciativas, a gente faz outras coisas em setores diferentes. Na parte de bioinsumos, por exemplo, a gente tem uma investida que substitui fertilizantes e pesticidas químicos. A gente está em (na área) de proteína vegetal, tem energia solar e renovável, além da minha iniciativa de ter investimento em outros projetos.
A HS Investimentos é o braço onde a gente aloca recursos. Não só em impacto, tem outros negócios também – private equity, club deals em private equity, em renda variável, em outros ativos. Eu dou esse olhar, esse foco, em negócios de impacto, que eu acredito que unem a rentabilidade com, realmente, a resolução de problemas sociais e ambientais.
Eu acredito que seja por aí nesse mundo da nova economia, de um capital que, realmente, está a serviço da resolução de problemas, mas, sempre, obviamente, de forma inteligente e agregando, numa visão de longo prazo junto aos sócios que a gente tem nessas investidas, uma visão de longo prazo para os negócios onde a gente está inserido.