“Por favor”, “desculpe”, “obrigado”. Segundo o Papa Francisco são as palavras que não podem faltar em um relacionamento bem-sucedido, e eu não poderia concordar mais.
Eu particularmente adoro um amor tranquilo, a cumplicidade de uma longa parceria. A previsibilidade de conhecer cada pedacinho do outro. O entendimento pelo olhar que só o tempo traz.
LEIA TAMBÉM: O desespero natalino
Adoro a rotina tranquila, a intimidade que nos permite muitas vezes curtir o silêncio sem que ele cause constrangimento, a paz de nos sentirmos em casa, sabendo que casa não é um lugar, e sim uma pessoa. É saber que encontramos abrigo na reciprocidade de alguém, e que alcançamos a tão sonhada estabilidade. Nos sentimos seguros, em paz. O problema é que a segurança em excesso muitas vezes nos torna acomodados. Num lugar de conforto, é fácil perder de vista que um relacionamento sólido é construído diariamente. Nada como uma boa dose de intimidade pra perceber a essência de alguém.
Já notaram que as pessoas com que temos um grau maior de intimidade são exatamente aquelas com quem nos sentimos à vontade pra explodir com frequência? Não deveria ser o oposto? Não deveríamos tratar com ainda mais carinho e respeito a pessoa sensacional que divide conosco essa caminhada? Que não larga nossa mão nos momentos difíceis e comemora nossas vitórias e conquistas como se fosse a delas? Deveria ser óbvio, mas não é.
Se engana quem pensa que o jogo está ganho e se descuida nos detalhes. Não é a meia furada ou a calcinha bege antiga que minam um relacionamento – é a falta de carinho, de compreensão, de gentileza e de cuidado. Nenhum relacionamento mantém bases sólidas sem o mínimo de respeito.
Ensinamos nossos filhos a falar desde cedo as três palavras mágicas, mas esquecemos de usá-las com quem mais deveríamos?
Essa conquista diária a que me refiro não tem absolutamente nada a ver com declarações inesperadas, flores e chocolates. Tem a ver com gentileza e respeito pelo outro e pela história que construíram juntos. Tem a ver com respirar fundo antes de dar respostas atravessadas, vigiar a impaciência nas horas difíceis e facilitar a vida um do outro. É um lembrete diário de que a pessoa que caminha ao nosso lado está ali por escolha e não por obrigação, então que a gente possa honrar o prazer dessa companhia.
Se fosse fácil, não existiriam tantos desencontros por aí. Por isso, toda vez que ao ver um casal feliz você pensar que foi sorte, pense no caminho que percorreram para chegar até ali, repleto de “desculpe”, “obrigados” e “por favores”.
Paula Drumond Setubal é advogada, mãe de gêmeos e produtora de conteúdo.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.