Investir em bolsa de valores pode ser uma forma lucrativa de multiplicar o seu patrimônio, mas também é um mercado complexo que exige conhecimento, planejamento e paciência.
Para quem está começando no mundo dos investimentos, pode parecer um tanto intimidador, mas, seguindo algumas premissas básicas, é possível investir de forma segura desde o início.
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Foi preciso muito tempo de estudo, dedicação e também uma boa coleção de pequenos erros, até que eu começasse a entender, pra valer, como funciona o mercado financeiro.
Se o Mira do presente pudesse voltar no tempo para dar algumas dicas para o Mira iniciante em bolsa de valores, a conversa renderia boas horas de papo, Mesmo assim, seria possível começar com seis dicas.
1. Diversifique sua carteira, mas com moderação
Monte uma carteira de longo prazo diversificando setores. Depois disso, use seus aportes mensais para manter essa carteira sempre balanceada.
Isso significa definir o percentual de participação que cada ativo terá em seu patrimônio, e acompanhar a variação de preços para que cada um deles permaneça dentro do percentual definido.
Adicionar uma nova empresa só porque é “a ação do momento” pode não ser o melhor uso do dinheiro. Afinal, se você tem uma carteira montada com critério, seja fiel ao seu planejamento.
2. Compre empresas cujos negócios você entende
Quem está começando a investir ainda não sabe avaliar em detalhes os fundamentos de negócios, então, fica mais fácil acompanhar e entender os movimentos de empresas que fazem parte do cotidiano.
Você lida o tempo inteiro com serviços bancários, seguro do carro ou de vida, plano de saúde, faz compras no supermercado, paga conta de luz, água, usa serviços de telefonia, entre outros.
Enfim, há uma variedade considerável de segmentos da bolsa que você saberia dizer, mesmo sem estudar muito, do que se trata, o que fazem, em que situações podem ganhar ou perder dinheiro, assim como sabe também, dentro desses setores, quais as empresas mais relevantes.
3. Se parece bom demais pra ser verdade, geralmente, não é verdade
Todo dia vai ter alguém falando sobre a próxima ação “com potencial de valorização de 500% em pouco tempo, e que o mercado ainda não percebeu”. Cuidado com isso!
Há pessoas mal-intencionadas que ganham dinheiro com a ingenuidade e boa fé dos iniciantes. Sendo assim, aprenda a investir com calma e bom senso. Não se deixe empolgar por anúncios sensacionalistas.
O mercado financeiro tem profissionais que o monitoram 24 horas por dia. São pessoas que além de estudar muito, possuem softwares de gerenciamento, robôs, matemáticos, economistas, e todo um aparato de acompanhamento que não deixariam passar batido nenhuma grande oportunidade.
Existem sim ativos com potencial de valorizar 500%, mas em décadas, e não em pouco tempo. E não existem ações “que o mercado não percebeu” que são do exclusivo conhecimento de algum “novo gênio das finanças” que, generosamente, resolveu compartilhar sua descoberta com todos.
4. Longo prazo significa, no mínimo, uma década
Uma dúvida muito comum ao investidor iniciante é o que significa esse tal “longo prazo”. Quanto tempo, afinal devemos manter um ativo em carteira?
Não existe uma única resposta. Cada pessoa tem uma realidade, um planejamento e uma estratégia específica para alcançar suas metas. No entanto, quanto maior o seu horizonte de tempo, melhor será a performance de uma carteira de ações na multiplicação do seu patrimônio.
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Uma carteira de investimentos com empresas sólidas, com bons fundamentos e boa gestão, deve dar tempo ao tempo. Vender na primeira valorização, com medo de que seja a última, é um erro comum entre aqueles que não compreenderam a diferença entre uma carteira de longo prazo e operações de trade.
É preciso definir qual a sua estratégia para cada parcela do seu dinheiro. O montante definido para longo prazo não pode ser aquele com o qual você fica pulando de galho em galho, atrás de valorizações momentâneas, pois ao fazer isso, você se expõe a mais risco e, ganha menos do que ganharia se deixasse o dinheiro investido por muitos anos.
5. Aprenda a diferença entre investimento e trade
Investir é colocar seu dinheiro em boas ações após analisar detalhadamente as empresas, e escolher aquelas cujos fundamentos do negócio sejam consistentes e com bom potencial de lucro no longo prazo.
Por outro lado, fazer trade é especular em relação aos movimentos curtos que um ativo pode ter na bolsa. Isso independe dos fundamentos do negócio e está ligado a fatos momentâneos que podem impulsionar uma ação para cima ou para baixo.
6. Se quiser fazer trade, comece pelo simulador
Fazer trade requer muito conhecimento e, ainda que você o tenha, em algum momento ocorrerão perdas. Sendo assim, para minimizar seus riscos, treine muito nos simuladores online, faça anotações, estude suas operações simuladas para entender o que deu certo ou errado e o porquê. Somente depois de treinar bastante, faça suas primeiras operações reais.
Nas operações reais de trade, invista apenas montantes que, se por acaso você perder, não vão impactar seu patrimônio.
Dica bônus: comece depressa, mas vá devagar
A frase acima parece incoerente, mas eu garanto que não é. O que eu quero dizer com isso é que o tempo é seu maior aliado na multiplicação de patrimônio, então, quanto antes você começar a comprar ações, melhor.
Entretanto, isso não significa sair comprando tudo o que aparecer pela frente só para montar rápido uma carteira. Como diz minha ex-aluna e amiga Karol Weber: “não tenha pressa de perder dinheiro”. É isso que acontecerá se você fizer seus investimentos sem planejamento e estudo.
A pressa que você precisa ter é de começar a estudar e iniciar – com calma e aos poucos – a montagem de uma carteira coerente com suas metas e seu conhecimento. A sofisticação das estratégias acontecerá ao longo de sua jornada, conforme você for aprendendo mais.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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