Na configuração que conhecemos hoje, o polo é originário do estado de Manipur, na Índia. Foi lá que o primeiro time, The Silchar Polo Club, foi fundado no ano de 1859 por militares britânicos. Rapidamente o esporte conquistou territórios e adeptos em Malta (1868), na Inglaterra (1869), Irlanda (1870), Argentina (1872), Austrália (1874) e nos Estados Unidos, mais exatamente em Nova York (1876). Em solo brasileiro, os primeiros relatos da modalidade datam da década de 1920, no carioca (porém fundado por ingleses) Rio de Janeiro Golf Club – que segue em funcionamento com o nome de Gávea Golf & Country Club.
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O polo é um esporte complexo e bastante peculiar. Para começar, é a combinação de dois “atletas”: o jogador e o cavalo. Isso exige preparo intenso de ambos. São quatro jogadores em cada equipe. Uma partida tem entre quatro e seis tempos, batizados de chukkas. Em cada chukka, os cavalos são trocados devido ao intenso desgaste – a velocidade média que eles atingem em campo chega a 60 km/h. Por isso, as equipes têm, em média, um plantel de 24 cavalos (ou mais) disponíveis e a postos para entrar no jogo.
Parte fundamental é a qualidade do campo onde a partida será disputada – tanto pela fluidez das jogadas como pela segurança dos animais e dos jogadores. FORBES conversou com três praticantes experientes: João Gaspar Martins Bastos e José Eduardo de Souza Aranha, empresários e sócios da marca masculina Zapälla; e José Klabin, empresário e atual presidente da Confederação Brasileira de Polo (CBP), para indicar os melhores campos da América do Sul.
Eles destacam os principais itens a serem observados. “A qualidade do piso pode ser medida pela grama utilizada, como a tifton”, conta João Gaspar. “A maciez também é um critério”, aponta José Eduardo. Outro fator é a manutenção, segundo Klabin: “Adubo, areia e água são três fatores essenciais. A grama tem que estar seca para o cavalo não escorregar nas curvas, o que exige o cuidado constante – e bons agrônomos”.
Escorregões, quedas e colisões podem ter consequências trágicas. Em 2014, o mexicano Carlos Gracida, considerado o melhor jogador do mundo (era professor do príncipe Charles e de seus filhos William e Harry, do ator Sylvester Stallone e de outras celebridades), morreu ao ser atingido durante uma partida em Wellington, na Flórida.
O campo padrão mede 275 x 180 metros, mas é recomendável que tenha uma área de segurança extensa além das linhas para que os animais consigam reduzir a velocidade sem riscos, caso as ultrapassem em alta velocidade.
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A Argentina é o país mais importante no cenário do polo mundial. Na capital, Buenos Aires, acontece o principal campeonato da modalidade, o Abierto de Palermo ou Open de Palermo, que concentra anualmente a elite dos times do mundo – neste ano, a competição se estende de 10 de novembro a 15 de dezembro. Todas as partidas são disputadas no Campo Argentino de Polo, no bairro de Palermo. Esse campo foi um dos indicados por José Klabin, que ressalta seu alto nível de cuidado e preservação. Ainda no país vizinho, ele cita os campos do Clube Ellerstina, que tem sob seu nome uma das melhores equipes de polo do país. Ali, nos arredores do centro urbano da capital argentina, é disputada a Copa Oro.
O interior paulista abriga dois elogiados complexos: Helvetia e Fazenda Boa VistaÉ unânime entre os consultados que o Helvetia Polo Country Club, localizado em Indaiatuba, interior de São Paulo, é o maior e melhor centro de polo do Brasil. Além dos 11 campos do clube, há cerca de 20 campos particulares nos arredores. O campo 1 é muito conhecido pelos polistas – nele são disputadas as finais dos campeonatos, o que o tornou um “objeto do desejo” entre os jogadores.
O Helvetia foi fundado em 1975 com o objetivo de integrar os campos a um condomínio de casas, iniciativa do empresário Giorgio Moroni. Atualmente está sob o comando de seu filho, Antonio Giorgio Moroni.
Herança familiar, aliás, é algo extremamente comum na cultura do esporte – uma paixão que passa, em muitos casos, de pai para filho. José Klabin, por exemplo, é filho do ícone do polo Armando Klabin, que acaba de recuperar o título de jogador de polo equestre mais velho na ativa segundo o Guinness World Records, no auge de seus 85 anos (ele foi eleito pela primeira vez em 2016, mas no ano seguinte o americano Edward Robbins “roubou” seu recorde). Desde 1959, sua família é dona de um time, o Tigres, que Klabin ajudou a fundar.
João Gaspar também vem de uma família com time próprio, o Maragata, fundado em 1975 em Uruguaiana, no Rio Grande do Sul. O time da família Martins Bastos é patrocinado pelo banco suíço Julius Baer e é bastante popular nas redes sociais: só no Instagram soma 67 mil seguidores. Desde 2011 mantém um braço filantrópico, o Instituto Maragata.
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O complexo do empreendimento Fazenda Boa Vista, em Porto Feliz, interior de São Paulo, compreende condomínio de casas, um hotel Fasano e campo de polo. Em agosto, foi palco do campeonato Polo Challenge JHSF Zapälla, em sua primeira edição. O evento, que teve como propósito disseminar a cultura do polo no país, contou com a presença da “alteza” de Jaipur, o marajá Padmanabh Singh, também conhecido como Pacho na Índia. Além de bilionário, ele é jogador profissional.
No Rio de Janeiro, o Itanhangá Golf Club, na Barra da Tijuca e bem próximo da praia de São Conrado, foi apontado por José Klabin como um ótimo lugar para a prática do esporte. O Itanhangá foi inaugurado em 1935 com campos oficiais de golfe e polo.