Um hotel falido vai a leilão e renasce como um negócio multimilionário, apostando em experiências inusitadas com cacau e uma paixão arrebatadora por chocolate. Parece roteiro de Hollywood, mas essa é a história real da entrada da Cacau Show na hotelaria, com a criação da rede de hotéis Bendito Cacao.
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À primeira vista, pode soar inusitado que uma marca de chocolate seja dona de hotéis. No entanto, o negócio reflete os ideais do fundador e CEO da Cacau Show, Alê Costa.
“Nosso propósito é tocar a vida das pessoas, proporcionando momentos especiais e experiências memoráveis. A missão é transformar o ordinário em extraordinário”, afirma o executivo em entrevista exclusiva à Forbes Brasil.
Atualmente, a rede Bendito Cacao conta com duas unidades: uma em Campos do Jordão, onde a Cacau Show já possui uma fábrica, e outra em Águas de Lindóia. As experiências oferecidas são variadas: quartos infantis temáticos com produtos da marca, um museu dedicado ao cacau, alta gastronomia, massagens com manteiga de cacau, trilhas e muito mais.
Como tudo começou
A incursão da Cacau Show na hotelaria não foi fruto de uma estratégia meticulosa. A oportunidade surgiu com o leilão do primeiro hotel, e a empresa abraçou a chance, desenhando um projeto alinhado ao seu propósito. No total, foram investidos R$ 198 milhões nas duas unidades, somando aquisição e reformas. Hoje, os hotéis empregam cerca de 550 colaboradores.
“Eu já era cliente deste hotel e o usava nas minhas visitas à fábrica de Campos do Jordão. O antigo proprietário chegou a me oferecer o negócio, mas só fechei a compra dois anos depois, quando ele foi a leilão”, conta Costa.
Desde o início, o objetivo era proporcionar uma imersão no universo do cacau.
“A maioria das pessoas nunca provou mel de cacau, e nós oferecemos isso. Também criamos um museu que mostra todo o processo de transformação do cacau em chocolate. No nosso spa, temos massagens com manteiga de cacau e esfoliações feitas com cascas do fruto originado no nosso processo de torra. Também realizamos uma cerimônia do cacau inspirada nas tradições maias”, detalha o CEO.
As unidades contam ainda com pubs subterrâneos, fontes de chocolate, tirolesas, trilhas e diversas outras atrações.
Gostinho de quero mais
O primeiro Bendito Cacao foi adquirido em dezembro de 2020, reformado em 2021 e inaugurado no ano seguinte. Em apenas um ano de operação, o hotel recebeu mais de 43,4 mil hóspedes.
O segundo hotel da rede, inaugurado em 2024 em Águas de Lindóia, começou a ser planejado em julho de 2022, com obras iniciadas no final de 2023. Até agora, a nova unidade já recebeu mais de 18 mil hóspedes.
Para 2025, a expectativa é que as duas unidades gerem cerca de R$ 100 milhões em receita. O contentamento da companhia com a empreitada é tanto que já existem planos para que novas unidades sejam inauguradas nos próximos anos.
Além da paixão pelas experiências que os seus hotéis oferecem aos clientes, o CEO da companhia também sente orgulho do impacto econômico positivo que as unidades levam para as cidades em que estão localizadas. Tanto em Campos do Jordão quanto em Águas de Lindóia, a Cacau Show fica com o título de maior contratante das cidades — o que gera impacto positivo indireto nas comunidades.
Hoje, uma equipe dedicada de 15 arquitetos trabalha na manutenção das unidades e no desenvolvimento de novas experiências para os hóspedes.
Missão chocolate-centrada
A ambição de Alê Costa é estar presente nos momentos mais felizes da vida de seus clientes — seja em uma das quase 5 mil lojas da marca, em um fim de semana no campo ou em um parque de diversões.
Em fevereiro de 2024, a Cacau Show adquiriu o Grupo Playcenter, incluindo o tradicional parque de diversões e a rede Playland, com unidades em shoppings de São Paulo, Grande ABC, Osasco e Bahia.
Embora alguns considerem essa diversificação ousada, Costa vê a expansão como parte do propósito da marca: proporcionar experiências memoráveis e aumentar a participação da Cacau Show nos gastos das famílias.
“Recentemente, um cliente passou um fim de semana com a esposa em um dos nossos hotéis. Durante a semana, visitaram duas lojas para tomar café e, mais tarde, ela voltou para comprar presentes. No fim de semana, foram a um shopping, onde o filho brincou em um dos nossos parques. Em uma única semana, conseguimos compartilhar vários momentos felizes com essa família”, exemplifica o CEO.
Para Alê, a Cacau Show está se tornando um negócio que não tem fim, com empreendimentos que vão desde o plantio do cacau, cuidar de todo o longo processo até a fabricação do chocolate, até “colocar pessoas de ponta cabeça em uma montanha-russa”.
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Com muito bom humor, o empresário conclui: “Eu sou um apaixonado por toda a história do cacau e continuo fiel a isso. Não virei um multi-empreendedor de vários negócios. Na realidade, nós viramos um ecossistema onde o cacau é o tema central de tudo isso”.
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