Gostaria de dizer que trataremos hoje da pergunta que não quer calar. Entretanto, a pergunta em questão, coitada, sempre foi calada, caladíssima. Ainda que surja a dúvida, a maioria nem costuma pensar sobre o assunto. Mas vamos lá, que eu tenho certeza de que você, alguma vez na vida, já se questionou: nenhum ou nem um?
No português falado, nenhum e nem um parecem ser a mesma coisa; mas, na prática, essa dupla tem significados diferentes. Nenhum, leitor, pronome indefinido, carrega o sentido de esvaziamento. Projeto nenhum deixava o CEO satisfeito, nenhum homem é perfeito, nunca gerou nenhum problema.
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Nem um, entretanto, junção da conjunção nem com o numeral um, gera um sentido de perda, de frustração. Seria como se disséssemos “nem ao menos um”. Por exemplo: não sobrou nem um bombom da festa de ontem, nem ao menos um. Um dó!
O que seria diferente de dizer que não sobrou nenhum. Entendeu?
Ambas as frases estão corretas, mas possuem significados diferentes. Veja: em “Não sobrou nenhum bombom”, eu quero apenas dizer que acabou, daí a ideia de esvaziamento. Contudo, em “Não sobrou nem um bombom”, eu, decepcionada, mostro a minha indignação por não ter ficado com nem ao menos um. Eu enfatizo o “um faltante”. Entendeu? Espero que não tenha ficado nem um questionamento por aí.
Até semana que vem.
Cíntia Chagas é uma professora que sempre leva humor e conhecimento ao público. Escritora de dois best-sellers da editora HarperCollins, ela coleciona milhares de alunos nos cursos virtuais que ministra. Palestrante e instagrammer, provou que irreverência, humor e educação podem e devem andar juntos.
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