Como será a internet do futuro? Mais descentralizada, colaborativa, dinâmica, inclusiva? Para muitos, uma das respostas para o avanço que precisamos está na Web3, que tem como base de sustentação o blockchain, capaz de criar um repositório mais seguro e compartilhado de transações e conteúdo social. Para outros, a caminhada ainda é longa até essa nova arquitetura da World Wide Web (www) deixar de ser buzzword e possibilitar, de fato, uma internet melhor.
A verdade é que, empreendedores, executivos, desenvolvedores, consumidores, capitalistas de risco, todos estamos atentos e sendo instigados a imaginar um novo mundo a partir de conceitos e tecnologias que surgem dessa lógica, ou que serão impulsionadas por ela, como Metaverso, Decentralized Finance (DeFi), NFTs (tokens não fungíveis).
O que teremos como resultado disso são relações e transações diretas entre usuários, criadores de conteúdo, compradores e vendedores. Estamos falando de um novo mundo, que rompe definitivamente as barreiras entre o mundo físico e digital, e que traz com muita força a lógica da descentralização.
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E por que isso está acontecendo agora? Uma conjunção de fatores explica essa explosão de novas possibilidades da aplicação prática de tecnologias que, até então, estavam em fase muito experimental ou no imaginário coletivo.
O avanço computacional é um deles, bem como a perspectiva de internet em alta velocidade, com a chegada do 5G – que será importante propulsor do ambiente figital (físico + digital). Sem falar, claro, na própria maturidade digital das pessoas e das empresas, impulsionada pelas condições impostas pela pandemia da Covid-19, que exigiram uma guinada na direção do mundo digital, e desta nova visão do mundo descentralizado.
Um bom parâmetro para entendermos o quanto esse movimento está chegando à nossa vida e impactando os negócios é observar o interesse dos investidores. E aqui eu trago dados de um estudo da CB Insights que revelam que o financiamento de risco para startups ligadas ao mundo Web3 explodiu em 2021.
Um exemplo são os financiamentos em Decentralized Finance (DeFi), que cresceram 851% na comparação ano a ano, chegando a US$ 3,4 bilhões. O número de deals aumentou 94%, alcançando 240. Já quando olhamos para as NFTs, o total de aportes nas startups foi de US$ 4,8 bilhões, crescimento de 130 vezes ano a ano. Além disso, mais de 90 startups no mundo já estão envolvidas na criação dos blocos fundamentais para o Metaverso.
Outro indicativo da força desse movimento é perceber as grandes marcas se aventurando e criando soluções, bem como as instituições financeiras intensificando os experimentos no âmbito das finanças descentralizadas. Alguma dúvida do quanto isso vai se intensificar?
Depois de viver uma fase de hype, a expectativa é que DeFi comece, de fato, a se tornar uma realidade, representando uma grande mudança na forma como as pessoas se relacionam com os sistemas financeiros, sem precisar de órgãos centrais. Para os entusiastas, é a perspectiva de modelo mais independente, menos burocrático e mais acessível. Mas questões regulatórias e de compliance ainda precisam avançar.
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O importante é pensarmos como podemos fazer com que as empresas e a sociedade se beneficiem deste movimento. É um momento de reflexão, de entendimento das oportunidades e dos riscos deste novo mundo, mas também de aceleração. Gosto muito do conceito que a Accenture trouxe recentemente no estudo Report Technology Vision 2022 que fala das leapfroggers, as empresas saltadoras, que conseguiram com muita rapidez adotar estratégias digitais para enfrentar a pandemia.
São operações que, assim com as companhias que já são líderes digitais, conquistaram uma vantagem que levou à superação da concorrência em cerca de cinco vezes em relação ao ano anterior. E muito disso diz respeito aos investimentos em tecnologias como blockchain, metaverso e NFTs.
Pesquisa do Fórum Econômico Mundial afirma que até 2025 a tecnologia vai transformar o modo como vemos e lidamos com o dia a dia. Mas, como eu sempre comento, não é sobre tecnologia, mas sobre o uso que faremos dela. Ainda precisamos incluir mais pessoas e empresas digitalmente.
Quando falamos de inovação, estamos falando de pessoas. Liderar pessoas para um futuro incerto, cada vez mais tecnológico e capazes de atender as demandas da sociedade contemporânea, dos negócios e das cidades. É na direção desse mundo que precisamos ir.
Camila Farani é um dos “tubarões” do “Shark Tank Brasil”. É Top Voice no LinkedIn Brasil e a única mulher bicampeã premiada como Melhor Investidora-Anjo no Startup Awards 2016 e 2018. Sócia-fundadora da G2 Capital, uma butique de investimentos em empresas de tecnologia, as startups.
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