Marcelo Lutz e Roberto Biselli se conheceram no MBA em Insead (Fontainebleau), Instituto Europeu de Administração de Empresas, logo no segundo dia do curso. Ambos em busca de pessoas e ideias para formar uma equipe e disputar a competição de empreendedorismo Insead Venture Competition. O que era apenas uma ideia se tornou assunto sério, e o time foi o 2° grupo em 20 anos de história da competição a vencer na primeira tentativa. Com o prêmio de 50 mil euros e sete meses de MBA pela frente, decidiram montar da França a Capim no Brasil, durante a pandemia.
Ainda durante o MBA, após rodarem um piloto por seis meses, captaram equity em uma rodada Seed para expandir a empresa e uma debênture para financiar o produto financeiro oferecido aos pacientes do dentista. Com o avanço do projeto, o MBA ficou em segundo plano, os empreendedores acumularam faltas e quase não conseguiram se formar. Contrário do que imaginavam, em agosto de 2021 voltaram ao Brasil com diploma em mãos, 5 funcionários e 30 clínicas no portfólio de clientes.
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A empresa surgiu para solucionar uma dor simples: a falta de acesso à saúde, começando pelo mercado odontológico brasileiro, que é uma grande jabuticaba. O Brasil concentra mais dentistas do que qualquer outro país do mundo e tem as melhores faculdades. No mercado, tratamentos acima de R$1 mil raramente são cobertos pelos planos, o que dificulta a realização de procedimentos como implantes, próteses e alinhadores, devido às condições de pagamento.
“Diante dessa dor, criamos um produto financeiro que oferece melhores condições de pagamento aos pacientes e permite parcelamentos em até 36 vezes. À medida que escalamos e nos aproximamos das clínicas, notamos que mais de 2/3 delas seguem uma rotina, quase que diária, no papel e caneta”, comenta Marcelo Lutz, fundador e co-CEO da Capim.
Pensando nisso, a Capim lançou um sistema de gestão com 3 pilares. Um módulo de agenda, com assistente virtual integrado ao WhatsApp, um módulo de pacientes, com anamnese e assinatura digital, e um de controle financeiro, integrado a crédito, emissão de boletos e maquininha, garantindo que os profissionais da área não percam pacientes.
Hoje, com um unit economics rentável, os produtos financeiros da Capim têm uma taxa 50% abaixo de produtos similares do mercado, e são comparados aos oferecidos pelo Nubank. Com um diferencial relevante (o software da companhia é o único no mercado com produtos financeiros integrados de ponta a ponta), optaram por queimar caixa para escalar rapidamente. Nesse período, Marcelo e Roberto enfrentaram um de seus maiores desafios: realizar concessão e cobrança automatizada dos produtos financeiros, ao mesmo tempo em que escalavam a captação de dívida nos veículos de securitização. Fizeram uma nova captação de equity (Série A) em meados de 2022, com o QED, um dos principais investidores de fintech do mundo. Hoje a Capim conta com um time de 130 pessoas, e já emprestou mais de R$150 milhões, para mais de 50 mil pacientes. Além disso, milhões deles já se beneficiam do sistema de gestão oferecido pela startup aos dentistas parceiros.
Recentemente, os fundadores foram reconhecidos como novos Empreendedores Endeavor. “A Endeavor é o círculo de empreendedorismo mais forte de que já participamos. Por meio das mentorias do processo scale-up, aprendemos e demos a devida importância para a formação dos nossos valores, que hoje estão estampados pelo escritório e servem de base para as nossas avaliações semestrais de desempenho”, explica Roberto Biselli, fundador e co-CEO da companhia. “A rede também nos apoiou em diversos momentos em que estávamos parados diante de um desafio na construção do software. Por exemplo, já tínhamos mais de mil clínicas assinantes, mas não sabíamos como estruturar o onboarding dos parceiros. As mentorias proporcionadas neste tema (e em muitos outros) foram fundamentais para escalarmos a nossa operação para mais de 6 mil clínicas”, completa.
A Endeavor é uma rede global presente em mais de 40 países e formada pelos empreendedores e empreendedoras que mais crescem no mundo. No Brasil desde 2000, acelera negócios com potencial escalável por meio do programa Scale-Up e promove conexões entre os maiores líderes do país e empreendedores em início de jornada. Também investe em startups em fases Seed e Series A, com o fundo Scale-Up Ventures.
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