O dólar teve altos e baixos ao longo do dia de hoje (29), mas acabou fechando em queda ante o real e acumulando em maio a primeira desvalorização mensal de 2020.
O mercado desfez posições defensivas após coletiva de imprensa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não confirmar temores de uma potencial escalada mais séria nas tensões entre Washington e Pequim.
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Operações relativas à “briga” entre comprados e vendidos na B3 em busca de uma Ptax de fim de mês mais conveniente a suas operações também influenciaram os negócios durante a manhã. À tarde, contudo, o dólar começou a ensaiar baixa, até virar de vez para queda após a coletiva de Trump.
O dólar à vista terminou o pregão desta sexta em baixa de 0,85%, a R$ 5,3404. A moeda oscilou entre alta de 1,44% (para R$ 5,4636) e depreciação de 1,23% (a R$ 5,3199).
Na B3, o contrato mais negociado de dólar futuro caía 1,27%, a R$ 5,3485, às 17h29 desta sexta.
Na coletiva de imprensa, o presidente dos EUA disse que determinou a seu governo que inicie o processo para eliminar o tratamento especial concedido a Hong Kong em resposta aos planos da China de impor uma nova legislação de segurança para o território.
A expectativa pela resposta de Trump havia adicionado volatilidade e conservadorismo ao mercado já nas negociações finais de ontem (28), quando foi feito o anúncio da coletiva. Alguns no mercado temiam sanções à China, o que poderia agravar as já tensas relações entre as duas maiores economias do mundo.
“Tudo bem se os EUA ainda estão decidindo o que fazer. Mas a impressão criada pela realização de uma grande conferência de imprensa era de que eles já haviam decidido”, disse Patrick Chovanec, assessor econômico do Silvercrest Asset Management Group, que presta serviços de gestão de recursos.
A reação dos mercados após as declarações de Trump foi positiva. As bolsas de valores de Nova York se recuperaram, e o dólar se mantinha em queda ante uma cesta de moedas no fim da tarde, embora a uma boa distância das mínimas da sessão.
No Brasil, a moeda dos EUA recuou 4,19% no acumulado da semana. Em maio, cedeu 1,79%.
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A volatilidade, contudo, persiste. Na véspera, o dólar saltou quase 2%, na maior alta em três semanas. E, mesmo com o recuo de mais de 8% do dólar na recente série de seis pregões de baixa, a volatilidade implícita das opções de dólar/real para três meses se mantinha perto de 20%, não distante das máximas alcançadas quando os mercados entraram em queda livre por causa da crise da Covid-19.
Na prática, a manutenção da volatilidade implícita nesses níveis indica expectativa de muito vaivém nos preços do câmbio no curto prazo.
“O real foi a moeda de pior desempenho no universo emergente [na véspera], provavelmente pressionada pela preocupação mais ampla dos investidores sobre a capacidade da moeda de dar sequência ao recente desempenho superior em meio à deterioração da história local”, disseram estrategistas do Morgan Stanley.
Dados mostraram nesta sexta-feira que a economia brasileira sofreu no primeiro trimestre a maior contração em cinco anos. O colapso na atividade esperado para este ano tem mantido expectativas de que o Banco Central volte a cortar juros e na véspera o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, destacou que a ferramenta de política monetária não está esgotada.
Juros mais baixos reduzem o retorno dos investimentos brasileiros, o que desestimula entradas de capital considerando que outros países emergentes têm taxas de juros mais elevadas que o Brasil.
Campos Neto também disse na quinta-feira que o BC seguirá com a mesma política de atuação no câmbio que vinha adotando até então, esfriando expectativas de intervenções mais agressivas no mercado.
Analistas do Bank of America se dizem “mais inclinados” a comprar dólar ante real, por acreditarem que o “rali tático” recente tem vida curta. Eles projetam que o dólar fechará o segundo trimestre em R$ 6.
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Entre gestores de fundos, a exposição em real está “neutra” pela primeira vez desde agosto de 2018, disseram os profissionais do banco em nota, no que pode ser visto como indicativo de menor convicção em operar a moeda brasileira dadas as incertezas.
Entre três cenários de recuperação da economia global após a pandemia, apenas em um (em formato V) o BofA recomenda compra de reais. Nos demais, a orientação é para venda (recuperação em L) ou posição neutra (retomada em W).
Em 2020, o dólar sobe 33,08%, o mesmo que uma queda de 24,86% para o real. A divisa brasileira tem com folga o pior desempenho entre as principais moedas neste ano.(Com Reuters)
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