Toda primeira sexta-feira do mês é divulgado o payroll, relatório norte-americano sobre o mercado de trabalho. A expectativa para o resultado de hoje era bem ruim, já que temos acompanhado os pedidos de seguro desemprego de milhões de cidadãos do país. Na quarta-feira (3), segundo informações da Automatic Data Processing (ADP) e da Moody’s, o setor privado dos Estados Unidos cortou 2,76 milhões de vagas de emprego em maio.
Por isso, o resultado apontando a criação de vagas no mês de maio pegou o mercado inteiro de surpresa. Nenhum economista no levantamento da Bloomberg apontava para essa hipótese. A média das estimativas indicava corte de 7,5 milhões de empregos, mas o relatório divulgado hoje revelou a criação de 2,5 milhões de vagas.
Uma das possíveis explicações é a de que os programas do governo de auxílio à população estão funcionando. Os norte-americanos recebem um cheque mensal de mais de US$ 1 mil, o que teria sido um colchão para amortecer o impacto.
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Pensando nas projeções que falharam, desde o começo foi dito que essa crise era sem precedentes, de extrema dificuldade de comparar com eventos passados. Em parte, isso mostra o que pode ter causado o fracasso nas estimativas do mercado. Por definição, elas são feitas com base no histórico.
Também pode ter contribuído a questão da reabertura estar ocorrendo de forma diferente em cada Estado. Para chegar a algo muito preciso, seria necessário realizar uma estimativa para cada um individualmente, o que não é comum.
Por fim, um dos programas de estímulo, o PPP, exigia que as empresas recontratassem 75% dos empregados para ter acesso ao crédito, uma medida iniciada na virada de abril para maio.
A taxa de desemprego baixou de 14,7% para 13,3%, sugerindo que a recuperação norte-americana está ocorrendo de forma mais acelerada que o previsto.
Um dos maiores erros que investidores podem cometer é ir contra o mercado. E o mercado está comprando essa narrativa, de que a retomada está ocorrendo mais rapidamente do que se imaginava. Logo, é importante repensar estratégias para o atual momento.
De qualquer forma, fica um alerta. Todos os indicadores apontavam que a situação norte-americana real é outra, que o payroll não condiz com nada do que foi apresentado recentemente. Nos últimos anos estávamos acostumados a duvidar dos indicadores chineses. Certamente se fossem da China o mercado ignoraria e levantaria grandes questionamentos.
A menos de cinco meses da eleição norte-americana, a surpresa positiva é, no mínimo, suspeita.
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