O Santander Brasil reportou hoje (29) queda de mais de 40% no lucro do segundo trimestre, após provisionar R$ 3,2 bilhões para potenciais perdas com empréstimos por causa da crise desencadeada pelo coronavírus, seguindo medidas já tomadas pelos concorrentes no primeiro trimestre.
O lucro líquido recorrente somou R$ 2,136 bilhões no segundo trimestre, queda de 41,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, praticamente em linha com a média das expectativas compiladas pela Refinitv, de R$ 2,213 bilhões.
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O total de provisões para perdas com operações de crédito mais que dobrou em relação ao mesmo período do ano anterior, para R$ 6,534 bilhões. Ao contrário de seus rivais, o Santander Brasil ainda não havia feito um colchão para o aumento esperado na inadimplência.
Em comunicado, o banco disse que decidiu reservar alguns bilhões de reais após realizar um teste de estresse.
Ainda assim, seu índice de inadimplência em 90 dias caiu de 3% para 2,4%, no primeiro trimestre. Como o Santander concedeu a seus clientes um período de carência de 90 dias para ajudá-los a enfrentar a crise do coronavírus, a inadimplência de empréstimos não reflete totalmente potenciais perdas relacionadas à crise do coronavírus.
O retorno sobre o patrimônio do banco, um indicador de rentabilidade, ficou em 12%, queda de mais de 10 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior.
A receita com tarifas mais baixa, uma vez que os pagamentos com cartão caíram em meio às medidas de isolamento, juntamente com uma queda em serviços de conta corrente, também pressionaram o lucro líquido, superando os esforços do banco para cortar custos.
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Ainda assim, a carteira de empréstimos do banco cresceu 1,2% no trimestre, impulsionada por empresas de todos os portes. O estoque de crédito para pessoas físicas encolheu.
A unidade brasileira do Banco Santander da Espanha também registrou um aumento de 13,4% na margem financeira, para R$ 13,620 bilhões, principalmente por ganhos maiores com tesouraria.
As units do Santander Brasil estão com queda de 36% no ano, abaixo do desempenho dos maiores credores listados no Brasil.
PREJUÍZO NA ESPANHA
O Santander da Espanha registrou um prejuízo líquido recorde de € 11,1 bilhões (US$ 13 bilhões) no segundo trimestre, sofrendo o maior impacto registrado até o momento por um banco europeu em meio à crise desencadeada pela pandemia do novo coronavírus.
O segundo maior banco da zona do euro em valor de mercado informou hoje que havia registrado efeitos extraordinários no valor de € 12,6 bilhões, com a deterioração econômica causada pela Covid-19 forçando-o a cancelar aquisições anteriores, principalmente na Europa.
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Os principais mercados do Santander, que abrangem o Brasil e a Espanha, foram alguns dos mais afetados pela pandemia, com moedas emergentes mais fracas do mercado piorando os números.
Do total das baixas contábeis registradas pelo banco espanhol, € 10,1 bilhões estão relacionados a ágio e € 2,5 bilhões a DTAs, um instrumento que concede incentivos fiscais a empresas quando reportam prejuízo ou contra determinadas provisões.
O banco afirmou que as baixas por redução ao valor recuperável não teriam impacto nos níveis de capital, que subiram para 11,46% em junho de 11,33% em março, com a implementação total de novos padrões de contabilidade.
Excluindo itens extraordinários, o banco teve lucro atribuível subjacente de € 1,53 bilhão, queda de 27% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
O Santander disse que o grupo estava adiantando em seu plano de economia de custos, com as despesas operacionais caindo 5% ano a ano em termos reais e a região europeia alcançando mais de € 300 milhões em eficiência de custos no primeiro semestre, 75% da meta para 2020.
A margem financeira (NII, na sigla em inglês), uma medida dos ganhos com empréstimos, menos os custos com depósitos, caiu 14%, para € 7,72 bilhões, em razão das baixas taxas de juros, enquanto a receita caiu 15%, para € 10,46 bilhões.
Analistas consultados pela Reuters esperavam NII em € 7,75 bilhões e receita em € 10,56 bilhões.
Os ajustes relacionados ao Covid-19 atingiram o retorno sobre capital tangível (Rote, na sigla em inglês), uma medida de rentabilidade que situava-se em 5,19% no final de junho.
A presidente do conselho de administração do Santander, Ana Botín, disse que o banco estava comprometido em aumentar seu Rote para 13% a 15% no médio prazo e forneceria uma atualização de seus planos estratégicos nos próximos meses. (Com Reuters)
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