A mineradora Vale anunciou ontem (29) um lucro líquido de US$ 995 milhões no segundo trimestre, ante um prejuízo de US$ 133 milhões no mesmo período do ano passado, quando a empresa foi atingida pelo rompimento de uma barragem em Minas Gerais.
A companhia também reportou um crescimento de 8,8% na geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado, para US$ 3,37 bilhões, devido principalmente aos maiores preços realizados do minério de ferro, “refletindo a demanda saudável vinda da China”.
LEIA MAIS: Forbes promove primeiro webinar sobre Saúde Mental nas empresas. Participe
O preço realizado CFR/FOB do minério de ferro da companhia totalizou US$ 88,9 por tonelada no segundo trimestre, um aumento de US$ 5,1 ante o primeiro trimestre, após a retomada da atividade industrial na China, com a redução de casos de Covid-19.
Essa melhora da economia chinesa, maior importadora do produto da Vale, resultou em um consumo da commodity em “níveis recordes” no período na China, destacou a Vale, citando o suporte do governo em gastos de infraestrutura. O frete marítimo do produto caiu 3,6 dólares/tonelada, totalizando 13,5 dólares/t no segundo trimestre, também beneficiando os resultados.
Se o minério de ferro responde pela maior parte do Ebitda da Vale, a companhia disse que o negócio de níquel teve geração de caixa de US$ 243 milhões no período, ficando US$ 107 milhões abaixo do trimestre anterior.
O lucro líquido da empresa, apesar de ter ficado abaixo da projeção da Refinitiv, de US$ 1,5 bilhão, superou os US$ 239 milhões registrados no primeiro trimestre, mesmo diante de impairment em ativos de US$ 314 milhões, após o anúncio em maio da exclusividade para negociar a venda da produtora de níquel VNC.
Em meio às dificuldades adicionais impostas pela pandemia de Covid-19, a administração da empresa destacou que está caminhando para reduzir os riscos da mineradora, fechando o semestre com lucro líquido de US$ 1,2 bilhão, ante prejuízo de US$ 1,77 bilhão no mesmo período de 2019.
“Estamos caminhando para o ‘de-risk’ da companhia mesmo em um segundo trimestre de 2020 bastante complexo, enfrentando com responsabilidade, disciplina e senso de urgência esse momento desafiador trazido pela pandemia da Covid-19”, disse o diretor-presidente da Vale, Eduardo Bartolomeo, em nota.
VEJA TAMBÉM: Tudo sobre finanças e o mercado de ações
Ele disse ainda que a companhia continua avançando na reparação de Brumadinho, na garantia da segurança das barragens e na estabilização da produção de minério de ferro –devido à desastre e Minas Gerais, a empresa teve de reduzir a extração em várias unidades, em função de obras de descaracterização de barragens e por normas mais rigorosas.
A empresa relatou que, no total, já desembolsou R$ 11,5 bilhões em iniciativas relacionadas à reparação por desastre de Brumadinho e descaracterização de barragens. As indenizações somaram R$ 3,9 bilhões, incluindo assistência emergencial mensal.
A Vale destacou que está tendo de ajustar a operação em um cenário de pandemia, que reduz o número de trabalhadores, ao mesmo tempo em que realiza o “ramp-up” de operações de minério de ferro, combinando com iniciativas de reparação por Brumadinho.
Mas todos os desafios não impediram a companhia de restabelecer a política de pagamento de dividendos, suspensa desde janeiro de 2019, após o rompimento da barragem que matou mais de 250 pessoas.
Além disso, o conselho aprovou pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) deliberados em 19 de dezembro de 2019, de aproximadamente R$ 1,41 por ação.
“Como outro passo importante na frente da alocação de capital, também estamos anunciando a retomada da nossa política de dividendos”, destacou o diretor-presidente da Vale.
E TAMBÉM: Vale anuncia desenvolvimento de locomotiva 100% elétrica e projeta fase de testes
O anúncio foi feito em contexto de estabilidade da dívida líquida expandida (incluindo compromissos relevantes), que somou US$ 15,3 bilhões em 30 de junho de 2020, disse a empresa, destacando que 70% dos vencimentos são após 2024.
“ESTABILIZAÇÃO DA PRODUÇÃO”
A Vale informou que entre as medidas para a chamada “estabilização da produção” de minério de ferro está a migração do processamento a seco da mina de Timbopeba, retomado em junho, para processamento a úmido, após a autorização temporária da Agência Nacional de Mineração (ANM) para dispor os rejeitos em cava.
Ainda no complexo Sudeste, a empresa disse que as usinas de Conceição estão utilizando filtragem e disposição de rejeitos nas cavas de Onça e Periquito, após o ramp-up no primeiro trimestre, como uma alternativa de curto prazo para a parada da barragem de Itabiruçu.
No Sistema Sul, o Complexo Vargem Grande implementou soluções alternativas para desobstruir parte da capacidade logística no site e a produção a úmido foi parcialmente retomada com a filtragem dos rejeitos, utilizando a barragem Maravilhas I e a pilha de estéril de Cianita como solução preliminar para a disposição de rejeitos.
Na unidade de Fábrica, as operações ferroviárias do TAS4 foram retomadas, após testes de vibração, permitindo a movimentação de estoques.
Na semana passada, a Vale havia informado que sua produção de minério de ferro no segundo trimestre somou 67,6 milhões de toneladas, aumento de 5,5% na comparação com o mesmo período do ano passado e de 13,4% ante o primeiro trimestre de 2020. (Com Reuters)
Siga FORBES Brasil nas redes sociais:
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Participe do canal Forbes Saúde Mental, no Telegram, e tire suas dúvidas.
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.