Maiores esforços comerciais para manter o ritmo de vendas durante o período mais agudo da pandemia de Covid-19 no Brasil pressionaram o lucro da MRV no segundo trimestre, embora a companhia tenha indicado normalização recente e aceleração dos lançamentos na segunda metade do ano.
A empresa, que tem a maior parte da receita sendo gerada por imóveis populares, anunciou ontem (12) que teve lucro líquido de R$ 124 milhões de abril a junho, queda de 34,6% ante mesma etapa de 2019. Isso, mesmo com a receita líquida do período subindo 5,2% no comparativo ano a ano, para R$ 1,64 bilhão.
O chamado custo dos imóveis vendidos e serviços prestados subiu 8,7%, para R$ 1,17 bilhão. Além disso, as despesas comerciais subiram 11,7%, para R$ 160 milhões, mostrando maiores esforços feitos para venda, incluindo descontos. Assim, a margem bruta caiu 2,3 pontos percentuais, para 28,4%.
“Mas tivemos ganho de market share no período”, disse à Reuters o presidente-executivo da MRV, Rafael Menin, sem dar detalhes.
O resultado operacional da companhia medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) foi de R$ 232 milhões entre abril e junho, declínio de 9,9% no comparativo anual.
As vendas líquidas contratadas subiram 37,6%, para R$ 1,82 bilhão, refletindo entre outros fatores a normalização nos repasses pela Caixa Econômica Federal referentes ao programa habitacional federal Minha Casa Minha Vida.
“A Caixa fez alguns ajustes operacionais que agilizaram os repasses e entendo que isso vai se estender para os próximos trimestres”, afirmou Menin.
Num período em que a pandemia comprometeu tanto o andamento de vários empreendimentos como a parte burocrática, com cartórios fechados, em função das medidas de isolamento para conter o avanço da pandemia, a MRV se concentrou nas vendas.
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Com isso, os lançamentos no trimestre caíram 47,9% ano a ano, para R$ 942 milhões.
Segundo Menin, com a gradual flexibilização das medidas de isolamento, praticamente todas as obras da empresa estão operacionais e por isso a companhia pretende intensificar significativamente o volume de lançamentos no segundo semestre.
O executivo afirmou que a meta da MRV é de diversificar suas fontes de receitas nos próximos trimestres, dobrando a participação conjunta dos produtos para classe média baixa, da área de loteamentos e da unidade focada na locação de imóveis construídos, para 25% em 2021.
Menin afirmou ainda que não vê aumento da concorrência na sua principal área de negócios de imóveis populares com a onda de construtoras planejando buscar recursos no mercado acionário para financiarem seus planos de expansão. Atualmente, são 13 empresas brasileiras na fila de uma oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês).
“Elas são na maioria especializadas em imóveis de mais alto padrão”, disse ele.
Menin descartou a hipótese de a MRV também emitir ações para financiar planos de crescimento. “Não faz parte da nossa agenda buscar recursos no mercado”, concluiu. (Com Reuters)
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