Durante um ano em que as viagens quase pararam devido à pandemia Covid-19, as perdas do Airbnb aumentaram apesar dos esforços da empresa para manter seus negócios funcionando.
A empresa sediada em São Francisco estava a caminho de ser um dos maiores IPOs de 2020, mas perdeu quase US$ 700 milhões nos primeiros nove meses deste ano –mais do que o dobro do valor durante o mesmo período de 2019– de acordo com um registro junto a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos divulgada na segunda-feira (16).
LEIA MAIS: Airbnb faz pedido de IPO com desaceleração em receita por Covid-19
Em meio de perdas acentuadas, o Airbnb registrou lucros operacionais de US$ 219 milhões no terceiro trimestre, um sinal de que seu recente foco em viagens domésticas está valendo a pena, de acordo com o pedido pré-IPO da empresa (conhecido como S-1). Nos nove meses (encerrados em 30 de setembro), o Airbnb gerou uma receita de US$ 2,5 bilhões –uma queda de receita de 32% e de 39% em reservas online– para US$ 18 bilhões no mesmo período.
A empresa diz ser ainda muito cedo para prever o impacto final da pandemia em seus negócios, e que ela “continua a impactar adversamente nossos resultados operacionais e financeiros de longo prazo.”
A companhia espera arrecadar US$ 3 bilhões em sua estreia no mercado da Nasdaq, de acordo com a Bloomberg, empresa de dados para o mercado financeiro, tornando-se um dos maiores IPOs de 2020, e disse que em 30 de setembro, tinha mais de 4 milhões de usuários (ou hosts, anfitriões, aqueles que listam suas casas para hospedagem), com 86% localizados fora dos Estados Unidos, e com mais de 7,4 milhões de listagens de casas e experiências.
O Airbnb foi fundado em agosto de 2008 em San Francisco por Brian Chesky, Nathan Blecharcyzk e Joe Gebbia. Atualmente, Chesky é o executivo-chefe do Airbnb, Gebbia é o diretor de produtos, enquanto Blecharcyzk é o diretor de estratégia e presidente do Airbnb China.
O IPO será uma reviravolta marcante para uma empresa que quase descarrilou quando a pandemia Covid-19 interrompeu as viagens globais. Em abril, o Airbnb foi forçado a emprestar US$ 2 bilhões de seus credores –incluindo as gigante de investimento em tecnologia Silver Lake e Six Street Capital– para uma avaliação de US$ 18 bilhões, antes de demitir 25% de sua força de trabalho, quase 2.000 pessoas.
LEIA MAIS: Startup de aluguel de curto prazo Kasa Living busca se tornar um novo Airbnb
Outras empresas de férias e viagens enfrentaram dificuldades semelhantes durante a pandemia. A TripActions, uma plataforma de viagens corporativas com sede em San Francisco, foi forçada a emprestar US$ 125 milhões depois de perder mais de 90% de sua receita em março. A startup de hospitalidade Sonder demitiu um terço de sua força de trabalho antes de receber US$ 170 milhões em investimentos. Startups de viagens menores, como Stay Alfred, fecharam.
Se outros IPOs de tecnologia servirem como qualquer quadro de referência, o IPO do Airbnb poderia ter sucesso para seus principais patrocinadores, que incluem as investidoras Sequoia Capital e Andreessen Horowitz. A Snowflake, empresa de armazenamento de dados, que abriu o capital no início de setembro, abriu as negociações a US$ 254 por ação –mais que o dobro de seu preço de lista inicial de US$ 120– criando três novos bilionários no dia do lançamento na bolsa. A Palantir, empresa de software e serviços de informática, que buscava uma listagem direta também em setembro, estreou a US$ 10, um aumento de 38% em relação ao seu preço de referência.
Ações
O último registro mostra que o CEO Chesky tem a maior participação individual com pouco menos de 15% da empresa em 76,9 milhões de ações, incluindo 9,2 milhões de opções de ações. Blecharczyk e Gebbia, enquanto isso, possuem cada um 13,5% da empresa, ou 70 milhões de ações, incluindo cerca de 2,3 milhões em opções.
Usando uma avaliação de US$ 26 bilhões –uma avaliação interna noticiada em abril, quando os efeitos da Covid-19 ainda eram um fator importante nas operações da empresa–, isso significaria que a participação de Chesky vale cerca de US$ 3,5 bilhões, enquanto a de Gebbia e Blecharcyzk valem US$ 3,2 bilhões.
Chesky, Blecharczyk e Gebbia se tornaram bilionários pela primeira vez em março de 2014, quando o Airbnb foi avaliado em US$ 10 bilhões. Na época, a Forbes estimou que os três fundadores tinham participações pessoais de pouco mais de 15% e patrimônio líquido de US$ 1,5 bilhão cada. Os primeiros investidores da empresa incluem Sequoia Capital, Greylock, bem como investimentos anjo de Ashton Kutcher, co-fundador do LinkedIn Reid Hoffman e o fundador da Amazon Jeff Bezos.
LEIA MAIS: Airbnb reembolsa hóspedes por conta do coronavírus e cria crise para anfitriões
E embora os anfitriões do Airbnb não recebam nenhum bônus em dinheiro ou ações, a empresa está reservando 9,2 milhões de ações para ajudá-los com serviços como educação e ajuda financeira. Essas ações entrariam em vigor quando a empresa atingir US$ 1 bilhão em valor, de acordo com a Axios. Segundo o registro, Chesky contribuirá com mais de US$ 100 milhões em ações para o fundo. A linguagem no S-1 também delineou a intenção de Chesky “de doar os rendimentos líquidos da compensação patrimonial inicial que [o conselho] fornece [s] para causas comunitárias, filantrópicas e de caridade”, embora nenhum detalhe adicional tenha sido fornecido.
Foco em viagens domésticas
Apesar das perdas crescentes, os negócios do Airbnb mostraram alguns sinais de resiliência. Depois de observar o aumento da demanda por viagens domésticas e estadias, que representaram 77% das reservas nos primeiros 9 meses de 2020, a empresa se concentrou em estadias mensais e outros produtos.
A empresa registrou US$ 8,2 bilhões em valor bruto de reservas no terceiro trimestre, apenas 17% abaixo dos níveis de 2019. Isso é um estreitamento significativo de seu declínio nas reservas, depois que o valor das reservas caiu 67% no segundo trimestre em uma base ano a ano.
No entanto, a Airbnb está se preparando para o pior, já que as viagens estão novamente diminuindo com o surgimento de outra onda de infecções por Covid-19, e espera que as reservas caiam novamente até o final do ano. “Semelhante ao impacto da onda Covid-19 inicial em março de 2020, estamos vendo uma diminuição nas reservas nas regiões mais afetadas”, afirmou a empresa.
Facebook
Twitter
Instagram
YouTube
LinkedIn
Siga Forbes Money no Telegram e tenha acesso a notícias do mercado financeiro em primeira mão
Baixe o app da Forbes Brasil na Play Store e na App Store.
Tenha também a Forbes no Google Notícias.