O que torna uma pessoa líder? São suas ações ou reconhecimento entre os pares? O líder é aquele que guia os demais, que mostra o caminho a ser seguido em meio aos desafios, tornando-os menos complexos e possíveis de serem alcançados. Essa definição lhe parece familiar? Sim, todas nós, mulheres, desenvolvemos ao longo das nossas vidas características de liderança: somos ensinadas a liderar os filhos, a casa, a família. Algumas de nós têm a oportunidade de aprender a liderar também fora do ambiente doméstico, um privilégio em um mundo ainda tão desigual para as lideranças femininas.
No Brasil, somos quase invisíveis na liderança das grandes empresas de capital aberto. Nos conselhos destas companhias, não passamos de 5% de presença. O motivo não é a falta de preparo, já que as mulheres estudam mais que os homens e têm forte participação no mercado de trabalho. O que falta então para finalmente liderarmos? A liderança não é um talento nato restrito aos afortunados, ela pode ser desenvolvida através de preparo e dedicação. Essa é a aposta da Escola Elas, iniciativa criada pela executiva Amanda Gomes, uma das minhas entrevistadas na série #ElasQueInspiram.
Mãe e empreendedora, Amanda começou a trabalhar aos 13 anos vendendo sorvetes na periferia de Diadema (SP) e, aos 32, assumiu o primeiro cargo de gestão em uma empresa financeira com o desenvolvimento das suas habilidades de liderança. Na Escola Elas, ela ensina outras mulheres a desenvolverem as mesmas aptidões. Abaixo, um resumo dos principais pontos da nossa conversa:
Os segredos das mulheres líderes
Para Amanda, existem cinco características comuns às mulheres líderes: autoconfiança, capacidade de influência, bom humor, resiliência e assertividade. “Ter autoconfiança é acreditar em sua história pessoal, na sua jornada. É acreditar na sua capacidade de vencer os desafios que surgirem. Essa autoconfiança pode ser representada quando vencemos a busca pela perfeição, sabendo que não somos perfeitas, mas sim perfeitamente imperfeitas”, explica.
A segunda característica é a capacidade de exercer influência, de saber se posicionar e perguntar. “Para ser influente, a autenticidade é fundamental. Você precisa conhecer o que considera inegociável, porque ser autêntica com a sua verdade é essencial para ter segurança ao vender suas ideias. Ou seja, é preciso ter a autenticidade com um dos seus valores, saber fazer perguntas inteligentes, se posicionar e garantir que o outro ganhe com as suas ideias.”
A terceira característica é o bom humor. Para a empreendedora, a vida é diversa e adversa, e tal habilidade oferece a possibilidade de transcender os problemas com um olhar mais positivo. “O bom humor é necessário para lidarmos com as nossas próprias vulnerabilidades, trazendo leveza e credibilidade. Ele nos ajuda a sair daquela seriedade absoluta, deixar de lado os estereótipos masculinos”, avalia.
Como quarta característica, Amanda cita a resiliência que, segundo ela, pode ser definida como a capacidade de enxergar os desafios e tomar decisões. A resiliência é a capacidade de se reerguer frente aos percalços da vida.
A última mas não menos importante é a assertividade, que se traduz na capacidade de “a partir de uma visão estratégica, identificar quais são suas fortalezas, seus atributos que podem fornecer um atalho para essa visão e, por fim, como tomar decisões a partir disso. É a capacidade de decidir em função de um olhar estratégico que nos leva a resultados mais assertivos”, explica Amanda.
Ambição, emoções e inteligência
A falta de ambição pode ser um limitador para a liderança. Para muitas mulheres, a palavra ambição ainda vem acompanhada de conceitos morais negativos e, portanto, deve ser evitada. Para Amanda, no entanto, crescer não é vaidade, mas sim uma necessidade humana. “Só se sente motivado quem está progredindo. A mulher pode, sim, sonhar grande. Ambição é acreditar no poder pessoal e não é feio ser grande, ter uma carteira de investimentos com alta rentabilidade”, explica.
“Quais exemplos queremos dar para os nossos filhos: de uma mulher realizada profissionalmente, uma mãe bem sucedida ou uma mãe dedicada, mas talvez não realizada. Lá na frente, essa criança que vai se tornar um adulto não pode carregar o peso de ser a culpada por eu ter abdicado de algo que me fazia feliz. Eu vou ensinar o meu filho a não ser feliz? De jeito nenhum”, complementa.
A empreendedora destaca ainda o papel da educação financeira como um aspecto fundamental para mulheres líderes. “Eu falo sobre educação financeira em todos os lugares. Para as empreendedoras isso vem em primeiro lugar, depois o business, porque as coisas se misturam e é muito desafiador empreender. Se você não tem o mínimo de educação financeira, as coisas se tornam muito mais difíceis.”
Recomendação de leitura e filme, por Amanda Gomes: “A coragem de ser imperfeito” por Brené Brown e o documentário “A Juíza”, que conta a história da juíza norte-americana Ruth Bader Ginsburg.
Francine Mendes é educadora financeira para mulheres, economista pela Universidade Federal de Santa Catarina, com mestrado em psicanálise do consumo pela Universidade Kennedy. Apresentadora do canal Mary Poupe, no YouTube, e comunicadora na RiCTV Record. Instagram: @francinemendes
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