A disputa para tornar os veículos elétricos eficientes e acessíveis está se acelerando. As maiores empresas da indústria, participantes do mercado e formuladores de políticas aumentaram seus investimentos em 2020, propondo que este ano seja uma oportunidade em potencial para adoção em massa destes automóveis.
Na contramão dos efeitos negativos da pandemia para a economia global, o mercado de veículos elétricos amadureceu consideravelmente no último ano. Segundo dados da consultoria sueca EV Volumes, em todo o mundo, as vendas dispararam 43%, para 3,24 milhões de veículos vendidos em 2020.
O movimento foi impulsionado, principalmente, pela Europa, que pela primeira vez em cinco anos assumiu a liderança global como fonte de compras do setor e ultrapassou a China. De acordo com o S&P Global, na Noruega, o número de veículos elétricos em circulação já supera o volume de carros tradicionais, registrando um recorde no mundo. No ano passado, os veículos elétricos a bateria representaram 54,3% de todas as vendas no país.
As vendas desses automóveis na China devem aumentar 40% este ano, chegando a 1,8 milhão de unidades vendidas, contra 1,37 milhão do ano passado, segundo projeções da Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis.
No mercado de capitais, os papéis de empresas produtoras de veículos elétricos tiveram um salto gigantesco em 2020. O Global X Autonomous & Electric Vehicles ETF (DRIV), principal benchmark do setor nos EUA, cresceu cerca de 80% nos últimos 12 meses e já acumula alta acima de 15% em 2021 (fechamento de 24 de fev.), superando até mesmo o setor de biotecnologia em destaque com o lançamento de vacinas.
De acordo com o Bloomberg New Energy Finance (BNEF), há cerca de 10 milhões de veículos elétricos na estrada atualmente e esse número tende a aumentar muito neste ano. A organização acredita que cerca de 4,4 milhões de veículos elétricos de passageiros (incluindo de baterias elétricas e híbridos plug-in) sejam vendidos globalmente ao longo dos próximos meses, o que expressa uma alta de 60% ante a 2020.
É neste contexto que Andy Palmer, ex-chefe da Aston Martin e ex-diretor de operações da Nissan, afirmou ao S&P Global Platts que “2021 é o ano do carro elétrico”. Sendo assim, a disputa por espaço nesse mercado tem se intensificado exponencialmente e, embora a Tesla seja considerada por muitos a favorita de destaque do setor, o alto potencial de expansão do mercado dá oportunidades para outras empresas.
A equipe de Elon Musk tem sido cada vez mais capaz de injetar uma larga escala em seus processos de manufatura, contando com a inspiração de improviso de seu CEO. A empresa pretende produzir cerca de 1 milhão de veículos em 2021, além de preparar fábricas de grande porte, o que deve aumentar e muito sua capacidade de produção nos próximos anos.
Em 2020, a empresa foi responsável por 79,4% das vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos, com mais de 200 mil unidades vendidas. Entre os modelos da montadora mais vendidos, o Tesla Model 3 aparece como líder, com cerca de 95 mil unidades negociadas.
A Workhorse Inc., fabricante de veículos comerciais, também levantou expectativas para o mercado de veículos elétricos, com a produção de caminhões de médio porte, sistemas de drones de entrega e aeronaves elétricas.
A companhia emergiu como uma das ações do setor de veículos elétricos mais populares graças a sua liderança na produção de vans elétricas, um mercado de US$ 18 bilhões, com cerca de 350 mil vans vendidas por ano a um preço médio de US$ 50 mil. Nos últimos 12 meses, as ações da companhia, listadas na Nasdaq, saltaram cerca de 390%.
Berkshire Hathaway e ações de veículos elétricos: US$ 6 bilhões em cinco meses
A famosa holding de investimentos do renomado bilionário Warren Buffett investiu fortemente nos últimos anos em participações na americana GM e na chinesa BYD. Com a perspectiva consolidada de crescimento para o setor, a General Motors, por exemplo, anunciou um plano de lançamento de 30 novos modelos de veículos elétricos até 2025.
A Berkshire investiu na GM em 2012, e desde então, sua posição cresceu gradualmente para 80 milhões de ações, o equivalente a cerca de US$ 2,4 bilhões em setembro de 2020.
Segundo Buffett e sua equipe, as apostas na BYD vieram ainda antes da GM. A holding comprou cerca de 225 milhões de ações a um custo de cerca de US$ 1 por ação em 2008. Os papéis da BYD listados em Hong Kong atualmente são negociados a US$ 28,48 cada, avaliando a posição da Berkshire em quase US$ 8 bilhões.
Com os ganhos combinados de US$ 1,9 bilhão da GM e de US$ 4,2 bilhões da BYD, a Berkshire acumulou cerca de US$ 6,1 bilhões em ganhos não realizados com essas duas participações em menos de cinco meses.
Veja como os veículos elétricos estão tomando conta das estratégias de negócios do setor ao redor do mundo:
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Sjoerd van der Wal/GettyImages Tesla
Elon Musk acredita que a Tesla possivelmente venderá 20 milhões de veículos elétricos até 2030 e planeja aumentar seu volume de produção em 50% ao ano. No ano passado, a empresa representou 80% das vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos e pretende dobrar sua meta de 2020 para 1 milhão de veículos produzidos em 2021.
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Chicago Tribune/GettyImages Ford
A companhia se arriscou e juntou seu SUV elétrico à antiga linha de carros esportivos Mustang, com uma rápida aceleração off-line do motor, que tem o objetivo de dar uma sensação de muscle car (carros de alta potência). O veículo vai valer em torno de US$ 43 mil nos EUA, e tem como objetivo competir com o SUV Modelo Y da Tesla. A Ford também lançará a versão elétrica de sua van Transit, modelo popular entre empreiteiros e frotas comerciais.
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Sjoerd van der Wal/GettyImages Toyota
No ano de 2015, a Toyota anunciou a meta de eliminar o uso de carros a gasolina e reduzir as emissões médias de carbono de todos os seus veículos e produtos em cerca de 90% até 2050.
Em 2020, seus planos encontraram um novo desafio. A companhia tinha por objetivo apresentar novos táxis elétricos, micro-ônibus e ônibus nos Jogos Olímpicos de Tóquio, mas o evento foi adiado devido à pandemia de Covid-19.
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Sjoerd van der Wal/GettyImages Volvo
O presidente-executivo da empresa afirma que ela está a caminho de transferir metade das suas vendas para veículos totalmente elétricos em 2025. No ano passado, esse percentual atingiu 17% de suas vendas, o equivalente a 115 mil carros elétricos plug-in.
A montadora lançou seu primeiro carro à bateria em 2020, o veículo utilitário expansivo (SUV) compacto XC40 e planeja lançar outro modelo totalmente elétrico neste ano.
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Josh Lefkowitz/GettyImages Volkswagen
A empresa está fazendo um investimento pesado no setor de tecnologia, cerca de US$ 42 bilhões para os próximos cinco anos. O objetivo é competir com a Tesla, provando para o mercado de que é capaz de produzir veículos mais baratos e atraentes.
O modelo ID.4 é comercializado com preço inicial em torno de US$ 40 mil e é o primeiro veículo da marca SUV totalmente elétrico que será vendido nos Estados Unidos. A montadora espera que ele tenha um efeito no mercado parecido com o que o Fusca teve em 1960.
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Sjoerd van der Wal/GettyImages Jaguar Land Rover
Neste mês, a Jaguar Land Rover (JLR) anunciou uma nova estratégia de negócios com a meta de interromper a produção de veículos a gasolina e diesel da sua marca Jaguar até 2025, migrando para modelos exclusivamente elétricos. Dado que a Jaguar produz apenas um modelo elétrico puro no momento e terceiriza a produção, o compromisso marca uma grande mudança para a empresa.
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Sjoerd van der Wal/GettyImages BMW
A BMW anunciou um novo compromisso de reduzir as emissões do uso de veículos em um terço até o final da década.
A empresa pretende ter cerca de sete milhões de veículos elétricos em circulação até o final da década (dois terços deles sendo exclusivamente elétricos). A companhia lançará cinco veículos elétricos puros até o final de 2021 e modelos adicionais nos próximos anos, resultando em um portfólio de 25 modelos elétricos até o final de 2023.
Tesla
Elon Musk acredita que a Tesla possivelmente venderá 20 milhões de veículos elétricos até 2030 e planeja aumentar seu volume de produção em 50% ao ano. No ano passado, a empresa representou 80% das vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos e pretende dobrar sua meta de 2020 para 1 milhão de veículos produzidos em 2021.
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