Os últimos dois meses têm sido de muitas movimentações no pódio do ranking dos bilionários brasileiros. Após a morte de Joseph Safra, Jorge Paulo Lemann retornou à 1ª posição, seguido por Eduardo Saverin, cofundador do Facebook, e Marcel Herrmann Telles, sócio de Lemann na AB Inbev e na 3G Capital, que investe em empresas como Burger King e Kraft Heinz.
A surpresa da vez é Jorge Moll Filho, de 76 anos: o bilionário do setor da saúde pulou da 16ª posição do ranking publicado em abril de 2020 para a 3ª, fechando o top 3 com Lemann e Saverin.
O salto na fortuna de Moll Filho, cardiologista e fundador da Rede D’Or, é resultado da abertura de capital da companhia na bolsa de valores. Na quinta-feira, 10 de dezembro, após o grupo de hospitais precificar sua oferta inicial de ações a R$ 57,92, os papéis da companhia dispararam e fecharam em alta de 7,73%, cotados a R$ 62,40, o que movimentou R$ 11,39 bilhões (US$ 2,12 bilhões) na época. Os resultados fizeram com que a rede protagonizasse o maior IPO de uma companhia nacional desde 2013. Nos registros históricos da bolsa, a empresa está atrás apenas do Banco Santander e da BB Seguridade.
Para a Rede D’Or, a captação em bolsa tinha, desde o princípio, um destino muito certeiro. Os R$ 11,39 bilhões foram divididos em partes iguais: 50% para a construção de novos hospitais e expansão de unidades existentes e 50% para a aquisição de ativos que permitam o desenvolvimento de novas vertentes de negócios, como corretoras de seguros de saúde e clínicas oncológicas. Uma das líderes no mercado hospitalar, com 8% de participação, a empresa já atende cerca de 4,1 milhões de pacientes anualmente. A partir do IPO, o objetivo é impulsionar ainda mais esses números.
Quanto ao desempenho em bolsa, as ações chegaram ao patamar mais baixo em 7 de janeiro, a R$ 60,95 – 2,33% abaixo da cotação inicial. No decorrer do mês, com breves oscilações negativas, os papéis se recuperaram e fecharam o período em R$ 65,70, com valorização de 5,28% em relação à estreia e 1.522.800 em volume de negociação.
Ontem (2), o desempenho positivo das ações da Rede D’Or elevou a cotação dos papéis a um novo recorde, fechando a R$ 71 o que representa uma valorização de 3,42 % em relação ao preço final da sessão anterior e 13,78% desde a estreia (o volume negociado foi de 3.827.400 milhões). Como saldo, a fortuna de Moll Filho saltou para US$ 12,82 bilhões, um ganho de US$ 423 milhões (3,42%) em um único dia. O aumento do patrimônio do bilionário desde o IPO chega a 574,73% e o valor de mercado da companhia a R$ 137,92 bilhões.
Moll Filho estreou no ranking global dos bilionários da Forbes em 2014 com US$ 1,3 bilhão. Na época, o médico carioca era “apenas” o 57º mais rico do Brasil. Desde então, sua fortuna nunca tinha chegado a patamares de valorização percentual tão altos – o maior pico foi registrado em 2017, quando chegou a US$ 3,2 bilhões, aumento de 130% em relação ao primeiro ano.
O desempenho notável nos negócios do empresário começou com a inauguração da empresa de diagnósticos Cardiolab, no Rio de Janeiro, em 1977. Na sequência, o bilionário abriu unidades do laboratório Labs em seu estado de origem e, em 1998, inaugurou o primeiro Hospital D’Or na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Hoje, a rede hospitalar tem mais de 40 unidades em diferentes cidades brasileiras, o que inclui a marca São Luiz, comprada por Moll Filho em uma transação avaliada em R$ 1 bilhão e financiada pelo BTG Pactual por meio de debêntures conversíveis em ações.
Em 2010, o grupo D’Or vendeu a rede Labs para o Fleury em um negócio de R$ 1 bilhão. Cinco anos mais tarde, 8,3% da operação do grupo foi vendida para a Carlyle por R$ 1,75 bilhão.
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Desde 2019, Moll Filho tem concentrado seus esforços na expansão da companhia por meio de aquisições. Neste mesmo ano, a empresa comprou 10% das ações da maior administradora de planos de saúde coletivos do Brasil, a Qualicorp. No ano seguinte, adquiriu o controle do Hospital São Carlos, de Fortaleza.
Com o bilionário entre os três mais ricos do Brasil, a nova configuração do topo fica com Jorge Paulo Lemann e seus US$ 18,6 bilhões isolado na 1ª posição; Eduardo Saverin na 2ª com US$ 14,9 bilhões; e Jorge Moll Filho, colado ao cofundador do Facebook, com US$ 12,82 bilhões.
Para a conversão dos valores, foi considerada a taxa de câmbio real-dólar de R$ 5,37, fixada no final do pregão de ontem (3).
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