“O planejamento financeiro é para a vida toda, e o tempo é uma das variáveis mais importantes”. Essa é a leitura de Sandra Blanco, estrategista-chefe da Órama Investimentos, sobre qual é a idade ideal para se começar a investir. Se o tempo é um dos fatores mais importantes para o sucesso com os investimentos, por outro lado não deve ser uma barreira para quem começa mais tarde. De acordo com a especialista, é possível, sim, começar a cuidar da vida financeira e ter êxito nos investimentos mesmo depois dos 40 anos.
Avaliando o perfil do investidor na B3 nos últimos cinco anos, a faixa etária entre 36 e 45 anos cresceu de 12% para 17,6% entre 2019 e 2021, correspondendo a 726 mil, ante 202 mil anteriormente das pessoas físicas registradas. No que concerne apenas às mulheres, a quantidade de investidoras nessa faixa etária foi de 51 mil para 242 mil no mesmo período.
Menos tempo, mais desafios
Para quem vai começar mais tarde, seja depois dos 40 ou 50 anos, a prioridade apontada pela estrategista da Órama é a reserva de emergência, em especial para aqueles que têm dependentes financeiros e, em seguida, o plano de aposentadoria, destinando todos os meses pelo menos 10% da renda mensal para a carteira de investimentos.
Na visão de Sigrid Guimarães, sócia e CEO da Alocc Gestão Patrimonial, este percentual dos rendimentos que é destinado aos investimentos todos os meses pode variar ainda de acordo com a quantia que se deseja obter no futuro. “Quanto mais tarde se começa a poupar para investir, mais será necessário para atingir a previdência necessária para a aposentadoria”, afirma.
A reserva de emergência deve ser suficiente para cobrir, pelo menos, doze meses do custo de vida mensal e investida em produtos financeiros que ofereçam baixíssimo risco e liquidez imediata, ou seja, que não sejam expostos a muita volatilidade e que possam ser convertidos em dinheiro de forma rápida em caso de emergências. “Uma vez que tenha esse colchão atingido, você pode e deve começar a diversificar a carteira para ativos mais voláteis, evitando a concentração”, continua Sigrid. O objetivo é montar uma sólida carteira de longo prazo baseada em três pilares: liquidez, diversificação e eficiência.
Para compensar o tempo perdido, o próximo passo (logo após a reserva), deve ser diversificar e arrojar, montando uma carteira resiliente para crises, mas que ofereça ganhos em longo prazo. Para isso, Sandra recomenda investir em ações, fundos imobiliários e investimentos no exterior, bem como fazer um plano de previdência.
As especialistas citam ainda que é importante respeitar o ritmo de valorização dos ativos e evitar a busca por soluções rápidas. É necessário “fazer uma seleção de produtos financeiros, autorizados, regulados; não esperar retornos extraordinários e rápidos; além de acompanhar os indicadores (como a Selic, o dólar, o crescimento econômico e o desemprego).”
Desafios de gênero
Os desafios para investir depois dos 40 passam ainda por questões de gênero. “O que as mulheres têm de diferente é que ainda ganham menos e vivem mais do que os homens e, em geral, são responsáveis financeiras pelos filhos”, explica Sandra.
Apesar de viverem em um contexto com mais barreiras no mercado de trabalho e para a acumulação de patrimônio, as mulheres têm avançado com as finanças. Estudo do BCG concluiu que o público feminino já controla 32,5% da riqueza global, capital que vem crescendo anualmente a uma taxa de crescimento anual composta (CAGR, em inglês) de 6,1%. A expectativa do grupo é que esse capital cresça para aproximadamente US$ 93 trilhões até 2023, o equivalente a 34,2% da riqueza global.
O roteiro para as mulheres que querem começar a investir depois dos 40 anos, no entanto, não é diferente das orientações destinadas aos homens: reserva de emergência, diversificação, liquidez e ativos que acelerem o processo de acumulação para a aposentadoria.
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