O talento para trabalhar com chocolate e o espírito empreendedor está no sangue da família de Christian Neugebauer, tataraneto de um dos criadores da primeira fábrica de chocolates do Brasil, a Neugebauer. Ele começou a trabalhar no ramo aos 14 anos e anos mais tarde, em 2017, decidiu investir no seu próprio negócio, a Chocolateria Brasileira.
A princípio, Neugebauer não tinha a intenção de operacionalizar o investimento, mas ao perceber a necessidade e a oportunidade de alavancar o negócio, o empresário decidiu comprar as participações dos outros sócios e reestruturar o modelo de negócios da Chocolateria. As principais ações envolveram uma nova estratégia de marca, reestruturação do sistema de franquias e otimização da fábrica em Marília, no interior de São Paulo. “A ideia de entrar no negócio começou porque eu sempre trabalhei com chocolate industrial e eu via que as operações podiam ser melhoradas, por isso eu sempre quis um negócio desse gênero que atendesse ao cliente final”, explica.
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Uma das principais ações implementadas por Neugebauer na nova fase da Chocolateria foi a retirada dos royalties das franquias, para que os franqueados pudessem desenvolver negócios mais saudáveis e resilientes. Essa estratégia demonstrou ser particularmente eficiente durante a crise causada pela Covid-19. Em 2020, a pandemia e os lockdowns atingiram em cheio o período da Páscoa e obrigaram lojas – principalmente de shoppings centers e centros comerciais – a fecharem as portas.
Naquela época, a Chocolateria já tinha cerca de 90% da produção de Páscoa pronta para ser distribuída entre as franquias e lojas próprias. Com a retirada dos royalties, os donos das lojas já tinham um caixa mais fortalecido e conseguiram enfrentar o período com menos prejuízos. A marca também aproveitou para investir em sua presença online nas plataformas de delivery e no desenvolvimento do e-commerce.
Diante da piora da situação causada pelo avanço do coronavírus no país e as restrições decretadas pelos governos estaduais, as vendas da Páscoa este ano encontram-se novamente em risco. Neugebauer explica que a estratégia para evitar perdas financeiras e de produtos foi planejar uma data comemorativa ponderada. Para 2021, a Chocolateria resolveu cortar o número de SKUs (unidade de manutenção de estoque) da empresa, como resposta à diminuição da demanda por parte dos consumidores. “Nossa estratégia foi desenvolver produtos mais econômicos sem perder a qualidade, em embalagens mais simples. Estamos produzindo em menor quantidade para que os franqueados não tenham que assumir compras muito altas e a fábrica não corra o risco de ficar com excesso de produtos em estoque”, afirma o dono da marca.
Embora o cenário econômico não pareça o mais favorável para crescimento, a marca espera alcançar de 80% a 85% do faturamento estimado para este ano. A Chocolateria acaba de expandir a fábrica principal em Marília, no interior de São Paulo, e investir em equipamentos certificados internacionalmente e fabricados na Suíça. Também foi implementado nas áreas de produção a certificação internacional FSSC 22000 que garante a segurança e a qualidade da indústria de alimentos.
O mercado brasileiro de chocolates passa por um momento positivo também pelo aumento da presença de variadas marcas no varejo, que corresponde à maior parcela de consumo dos brasileiros. Segundo Neugebauer, o chocolate brasileiro tem capacidade de ser melhor que o estrangeiro, já que dispõe das três matérias primas principais (açúcar, leite e cacau) para fabricação do produto. Para ele, a evolução do mercado no país vai andar de mãos dadas com o padrão de consumo dos brasileiros. “Falta o brasileiro reconhecer que não precisa procurar chocolate importado. É preciso ganhar volume e escala e conseguir ser competitivo para que de fato a gente consiga combater atores internacionais que já têm fábricas no Brasil.”
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