A proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes, de tributar dividendos foi mal recebida pelo mercado e impacta o desempenho do Ibovespa na tarde de hoje (25). Às 15h de Brasília, a Bolsa registrava baixa de 1,08%, a 128.113 pontos.
A parte do projeto da reforma tributária entregue por Guedes ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), nesta manhã prevê uma alíquota de 20% sobre os dividendos distribuídos pelas empresas de capital aberto, com uma isenção para distribuição de até R$ 20 mil por mês.
O anúncio também impactou a cotação do dólar. Depois de quedas diárias consecutivas nesta semana, a moeda teve alta de 1,07% às 15h de Brasília, chegando a R$ 4,956. A divisa norte-americana chegou a ir abaixo da marca psicológica de R$ 4,90 nos primeiros minutos de negociação, tocando R$ 4,893 na mínima, e caminhava para forte perda semanal, depois de fechar a última sexta-feira em R$ 5,071.
Até agora em 2021, o dólar já recua cerca de 5% em relação ao real. Thomás Gibertoni, analista da Portofino Multi Family Office, afirma que “o mercado de capital fica menos atrativo quando você acaba com a tributação privilegiada, quando se trata de grandes investidores”.
Ele disse que a mudança nos dividendos “pode levar a uma saída de capitais do mercado” doméstico, mas ressaltou que enxerga a alta do dólar nesta sexta-feira apenas como um “susto inicial” e uma reação à notícia: “O mercado deve se adequar às mudanças mais à frente.”
Enquanto isso, Vanei Nagem, responsável pela Mesa de Câmbio da Terra Investimentos, disse à Reuters que a alta do dólar é também um movimento de realização após a desvalorização recente da moeda norte-americana, que completou quatro quedas diárias consecutivas na quinta-feira.
Para Mauro Morelli, estrategista da Davos Investimentos, “esse movimento de valorização do real permanecerá, uma vez que os juros brasileiros estão caminhando para ficar mais alinhados com as condições domésticas”.
Ele explicou que uma taxa Selic mais alta tende a atrair capital para o mercado de renda fixa brasileiro, o que, por sua vez, é benéfico para o real.
“Acho que o dólar ainda tem espaço para desvalorização, mas muito vai depender do crescimento econômico local e do alívio da pandemia, já que as coisas ainda não estão sob controle”, comentou, ressaltando também que “temos um ruído político alto”.
Entre os fatores políticos que têm chamado a atenção do mercado, Morelli mencionou a CPI da Covid-19, a saída de ministros do governo de Jair Bolsonaro e a aproximação das eleições presidenciais de 2022.
No exterior, as ações norte-americanas estão em alta e seguem em direção à sua melhor semana desde março, segundo o The Wall Street Journal, impulsionadas por dados que sinalizam uma nova aceleração da economia mundial e pela perspectiva de mais estímulos fiscais.
O S&P 500 atingiu uma máxima recorde na abertura desta sexta-feira, de 4.278 pontos (alta de 0,31%), após a previsão de balanços robustos da Nike, enquanto dados de inflação mais fracos do que o esperado aliviaram temores sobre um aperto da política monetária dos Estados Unidos no curto prazo.
O Nasdaq registra leve queda, de 0,04%, a 14.363 pontos, no início da tarde desta sexta. Ao longo da semana, o índice acumulou ganhos e chegou ao pico de 14.411 na quinta. O Dow Jones opera em alta de 0,69%, a 14.363 pontos. (Com Reuters)
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