Os preços da criptomoeda ether (ETH) valorizaram cerca de 200% apenas nos primeiros seis meses de 2021, atingindo uma capitalização de mercado próxima dos US$ 275 bilhões, a segunda maior entre os criptoativos, atrás apenas do bitcoin (BTC). A cotação acompanhou o crescimento do setor nos últimos meses, mas alguns desenvolvimentos envolvendo o blockchain do ether, a rede ethereum, apoiaram os ganhos recentes e podem resultar em novas valorizações para a moeda digital.
Entre as mudanças aguardadas para o blockchain do ethereum estão a Proposta de Melhoria do Ethereum 1559 (EIP-1559), que já começou a ser implementada e é parte do hard fork London – também conhecido como London Fork na comunidade cripto -, e a migração para o Ethereum 2.0. Em relatório recente, analistas do JP Morgan afirmam que cerca de US$ 40 bilhões podem entrar na rede ethereum até 2025 em função das mudanças.
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Na prática, a proposta EIP-1559 reduz as taxas da rede até a migração para o Ethereum 2.0, que terá uma taxa básica para os mineradores. O projeto também tornará a moeda deflacionária, isso significa que o estoque da cripto será limitado, o que pode aumentar o preço do ativo digital, além de manter estabilidade nas taxas de transação.
Um estudo do The Block Data Dashboard apontou que as taxas de transação subiram para US$ 44,00 com a febre dos NFTs, no dia 15 de maio. Ontem (7), essa taxa era de US$ 3,64 para o ether. Já a taxa de BTC era de US$ 9,40.
“Se o projeto for aprovado, provavelmente o preço [do ether] poderá aumentar”, avalia Tatiana Revoredo, professora do Insper. Outra vantagem introduzida pelo hard fork diz respeito ao modelo de mineração. Até o momento, o ETH utiliza prova de trabalho (proof of work, em inglês), mas começará a operar via prova de participação (proof of stake, em inglês) no próximo mês.
Valdiney Pimenta, CEO da BitPreço explica que a grande diferença é que, na prova de trabalho, os mineradores de bitcoin necessitam de grande poder computacional e muita energia para operar até encontrar o código que representa um determinado bloco. “Como se fosse uma loteria, quem encontrar a chave primeiro será remunerado”. Ou seja, pode-se utilizar muito combustível e não receber por isso, caso alguém encontre o código antes.
Já na prova de participação, “quanto mais moedas forem operadas, mais blocos essa pessoa poderá cravar. O que diminui o uso de energia, pois não depende mais da sorte. Muitos têm chamado isso de mineração verde.”
Ethereum vs. Bitcoin
No final de junho, a rede ethereum registrou 200 mil carteiras ativas, ultrapassando o blockchain do bitcoin. O maior número de carteiras utilizando a rede ethereum indica um aumento da liquidez da moeda no mercado, explica Beibei Liu, CEO da NovaDAX. Ou seja, com mais endereços cadastrados na rede, pode ser mais fácil negociar a moeda digital ETH, se necessário. “O Ethereum passou por uma atualização chamada Berlin, que tornou a rede mais rápida e barata, reestruturando as taxas de transações e proporcionando um grande potencial para valorizar sua moeda digital”, diz.
Para Bernardo Teixeira, CEO da BitcoinTrade, o maior número de carteiras, no entanto, não é uma demonstração de que a moeda está se tornando mais importante que o bitcoin ou que a sua cotação será superada. “São análises e fundamentos diferentes”, explica o executivo, acrescentando que: “o constante crescimento de projetos de DeFi e NFTs naturalmente gera uma demanda por novos endereços. Por isso, o número de carteiras ativas do ethereum acabou ultrapassando o volume das carteiras de bitcoin.”
“O blockchain do ETH foi pensado para possibilitar a transação de qualquer valor por meio de contratos inteligentes”, reforça Tatiana, ou seja, a rede do ethereum pode incluir movimentações de imóveis, crédito de carbono e NFTs. Enquanto o blockchain do bitcoin foi criado com o intuito de ser um sistema monetário independente, para transações da própria criptomoeda.
Mas o blockchain do bitcoin também deve passar por mudanças. A atualização Taproot está prevista para novembro e mudará o sistema de segurança do criptoativo, além de possibilitar a criação de contratos inteligentes, na mesma direção que o blockchain do ethereum. “Ou seja, as mudanças no mercado são constantes e as redes passam por diversas atualizações”, explica Tatiana.
“O ethereum na prática não é competidor do bitcoin. Eles tendem a crescer juntos e seguir em paralelo. Como o dólar e o euro, por exemplo”, conclui Teixeira.
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