O Tesouro Nacional tem reduzido nas últimas semanas os volumes de títulos públicos emitidos via leilões ordinários, numa resposta ao aumento da volatilidade nas taxas de juros, e se necessário pode manter suas próximas vendas abaixo da média, uma vez que finalizou o primeiro semestre com colchão de liquidez reforçado, avaliou Sérgio Goldenstein, chefe da área de estratégia da Renascença.
Em agosto, até hoje (19, a média semanal de emissões pelo Tesouro foi de R$ 16,9 bilhões, abaixo do volume de R$ 26,2 bilhões de julho e de R$ 32,5 bilhões em maio. A média semanal do ano está em R$ 33,9 bilhões.
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Com emissões líquidas, a desvinculação de 140 bilhões de recursos de fundos públicos e a devolução de R$ 38 bilhões do BNDES em março, o colchão de liquidez do Tesouro saltou para R$ 1,167 trilhão em junho (dado mais recente), de R$ 881 bilhões no fim de 2020.
Goldenstein pontuou que, nesse contexto, surge dúvida sobre que volume médio de emissão o Tesouro deveria manter para assegurar um volume confortável de caixa para 2022 – ano de uma série de eventos de risco, como o início da retirada dos estímulos monetários nos EUA e, principalmente, incertezas políticas e fiscais com as eleições presidenciais no Brasil.
Segundo o estrategista, vencem até o fim de 2021 R$ 517 bilhões em títulos públicos, número que sobe a R$ 1,119 trilhão em 2022.
Tomando como premissas uma meta de R$ 1 trilhão em colchão (suficiente para cobrir integralmente os vencimentos dos nove primeiros meses de 2022) e variação futura dessa reserva dependente apenas de emissões/resgates e do déficit primário do governo central, Goldenstein calculou que o volume médio semanal necessário de emissões seria de R$ 24,2 bilhões – um total de R$ 410,9 bilhões em 17 semanas até o fim de 2021.
Portanto, o número ficaria abaixo da média das emissões até agora, de R$ 33,9 bilhões por semana.
Num cenário em que o Tesouro pretendesse manter o colchão de liquidez na máxima histórica de junho, o montante de emissão subiria para R$ 34 bilhões por semana.
“A maior demanda por LFT pode favorecer a intenção do Tesouro em manter o colchão de liquidez em patamar confortável“, disse Goldenstein em relatório.
Segundo ele, o ciclo de aumento da Selic e a dinâmica negativa recente do mercado de juros afetam as condições de demanda e têm levado a uma redução na participação de prefixados e alta relativa na fatia de NTN-B e, sobretudo, LFT.
“A maior oferta de títulos pós-fixados evita uma pressão tomadora ainda mais forte do Tesouro no mercado de juros, num momento de maior volatilidade devido ao aumento das preocupações com a trajetória da inflação e com o quadro político-fiscal”, disse Goldenstein.
“Em resumo, pode-se dizer que o Tesouro aproveitou bem a janela positiva a partir de novembro de 2020 para efetuar emissões líquidas de títulos”, finalizou. (Com Reuters)
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