O Ibovespa opera em alta no início do pregão de hoje (23), com avanço de 0,30% aos 112.622 pontos perto das 10h20 no horário de Brasília. Os investidores já levam em conta o aumento de 1 ponto percentual na taxa básica de juros, para 6,25%, realizada pelo Banco Central na noite de ontem (22). Esta foi a quinta alta seguida da Selic neste ano. A decisão era esperada pelo mercado diante do aumento das pressões inflacionárias.
No cenário internacional, por sua vez, os novos dados do mercado de trabalho e de política monetária dos Estados Unidos são o destaque do dia, enquanto as preocupações em torno do caso Evergrande e seu possível impacto na economia chinesa e global seguem no radar.
O dólar é negociado em queda frente ao real, após o posicionamento do Banco Central elevar a atratividade da moeda brasileira. Às 10h20, a divisa recuava 0,03%, negociada a R$ 5,3018 na venda.
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Reunião do Copom
João Beck, economista e sócio da BRA Investimentos, alerta para o risco hidrológico, que ainda não está resolvido no país: “o volume de chuvas daqui para frente vai determinar se teremos mais inflação e combinada com eventual racionamento e desaceleração da economia por conta desse risco”. O especialista conclui, “juros em alta é ruim para todos os setores, mas é um remédio amargo para conter o pior que é a inflação”.
Martin Iglesias, professor e especialista líder em Investimentos e Alocação de Ativos do Itaú Unibanco, conta que a decisão também pode trazer algum impacto no câmbio, com possível depreciação do dólar, provocada por eventual movimento de atração de investidores estrangeiros de renda fixa para o mercado brasileiro.
Porém, Iglesias alerta que “é importante notar que a variação cambial também é influenciada por outros fatores como o cenário global, aumento de juros em outros países, além de preocupações ligadas à situação fiscal do Brasil”.
Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos, julga que, com o BC não gerando solavancos na Selic e sem alterar de maneira relevante seu discurso nas reuniões que faltam esse ano, “avalio que a autoridade irá elevar a Selic em 100bps nas duas oportunidades que restam esse ano, fechando 2022 a 8,25% e por mais uma vez na reunião de janeiro, encerrando o ciclo em 9,25%”.
Mercado internacional
Os futuros nos mercados norte-americanos operam em alta nesta quinta-feira, repercutindo novos dados sobre o mercado de trabalho do país enquanto investidores ainda digerem o comunicado de Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, sobre a política monetária do país.
Segundo o Departamento do Trabalho, os EUA registraram 351 mil novos pedidos de auxílio-desemprego na semana encerrada em 18 de setembro. O número veio acima das projeções de 320 mil novos pedidos e do valor registrado na semana anterior, de 335 mil.
Ontem (22), o Fed (banco central norte-americano) manteve os juros no patamar esperado, entre zero e 0,25%, inalterado, além de conseguir introduzir a conversa sobre a redução de estímulos monetários sem causar um grande impacto negativo nos mercados.
Jennie Li, estrategista de ações da XP Investimentos, afirma que o discurso de Powell foi um pouco mais hawkish (postura de uma autarquia monetária quando há uma intenção de aumentar – ou manter elevada – a taxa de juros) do que o esperado, indicando que poderia reduzir o programa de compra de títulos já em novembro.
“Estimamos que a redução será de aproximadamente US$ 15 bilhões por mês, já que ele indicou que deve terminar esse processo de ‘tapering’ (um estreitamento gradual ou, no caso, a redução das compras de títulos) em meados do ano que vem”, concluiu Jennie.
As Bolsas europeias operam majoritariamente em alta, também digerindo a decisão do Fed, enquanto investidores operam atentos aos dados econômicos da região. A atividade empresarial da zona do euro cresceu no ritmo mais fraco em cinco meses em setembro. O PMI Composto preliminar do IHS Markit caiu para 56,1 em setembro, de 59,0 em agosto, o índice ficou bem abaixo da estimativa em pesquisa da Reuters de 58,5.
Além disso, o banco central britânico manteve o volume de seu programa de compras de títulos em 895 bilhões de libras (US$ 1,22 trilhão) e deixou inalterada a taxa de juros na mínima histórica de 0,1% nesta quinta-feira. Por outro lado, a instituição afirmou que a inflação vai subir acima de 4% neste ano, e duas autoridades pediram o fim antecipado do programa devido ao aumento das pressões sobre os preços.
O Stoxx 600 sobe a 0,86%; na Alemanha, o DAX cresce 0,73%; o CAC 40 valoriza 0,76%, na França; na Itália, o FTSE MIB é negociado em alta de 1,04%; e no Reino Unido, o FTSE 100 recua 0,05%.
Enquanto isso, os mercados asiáticos fecharam o dia em alta, após o China Evergrande Group afirmar que realizou uma reunião interna, pedindo aos executivos da empresa que garantam a entrega de qualidade de imóveis e o reembolso de produtos de gerenciamento de patrimônio.
O Hang Seng, de Hong Kong, subiu 1,19%; o BSE Sensex, de Mumbai, fechou em alta de 1,63%; na China, o índice Shanghai, avançou 0,38%; enquanto no Japão, os mercados acionários não funcionaram devido ao feriado.
Os contratos futuros de carvão metalúrgico da China dispararam com o ressurgimento das preocupações com a oferta, elevando os preços da importante matéria-prima da siderurgia. O carvão metalúrgico mais negociado de janeiro na Bolsa de Commodities de Dalian, na China, subiu até 7,7%, para 3.044 iuanes (US$ 470,62) a tonelada, seu maior valor desde 10 de setembro.
Após algumas notícias positivas sobre o grupo chinês Evergrande, os contratos futuros do minério de ferro chinês também ampliaram os ganhos. O minério de ferro de Dalian em janeiro fechou em alta de 3,9%, a 667 iuanes por tonelada. O contrato de outubro da Bolsa de Cingapura caiu 1,3%, para US$ 106,35 a tonelada.
Enquanto isso, o petróleo opera em estabilidade nesta quinta-feira, apesar da crescente demanda por combustível e uma pressão maior nos estoques de petróleo dos EUA. Por volta das 9h55, os futuros do petróleo Brent caíam 0,09%, a US$ 76,12 o barril, enquanto o WTI avançava 0,03%, a US$ 72,25.(com Reuters)
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