O comportamento da economia no segundo trimestre veio dentro da expectativa do Banco Central, afirmou hoje (1) o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, pontuando que o mercado tem sido mais volátil em suas previsões e que deverá revisar para baixo suas projeções para o ano.
Ao participar de audiência pública na Câmara dos Deputados, ele voltou a dizer que o BC irá atuar para debelar a inflação com ajustes na Selic. E reiterou que o quadro fiscal brasileiro está expressivamente melhor que o calculado meses atrás.
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Desempenhos fracos da indústria e da agropecuária ofuscaram a força de serviços e a economia brasileira registrou queda de 0,1% entre abril e junho sobre os três meses anteriores, ante expectativa em pesquisa da Reuters de que avançaria 0,2%.
“Basicamente o número que veio hoje é em linha com o que a gente tinha”, disse Campos Neto.
Ele estimou que os agentes de mercado devem piorar um pouco a visão para a economia brasileira este ano após a divulgação do IBGE. Para Campos Neto, enquanto o mercado tem ajustado muito para cima e muito para baixo as suas expectativas, a visão do BC tem sido mais constante.
“Com o número de hoje, a gente acha que pode ser revisado um pouquinho para baixo, vamos observar”, disse ele, sobre a estimativa mais recente do boletim Focus, de alta de 5,22% para a economia neste ano.
O BC previu em junho uma alta de 4,6% para o PIB em 2021 e deverá atualizar suas projeções no fim deste mês, no Relatório Trimestral de Inflação.
À Reuters, o secretário de Política Econômica do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, afirmou que a perspectiva para o PIB neste ano continua sendo de um crescimento acima de 5%. Oficialmente, o ministério prevê alta de 5,3%.
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INFLAÇÃO
Bastante questionado sobre a alta preços na economia em sua participação na audiência, Campos Neto disse que a inflação está “rodando bastante alta”, sendo “bastante indesejável”.
Nos 12 meses até julho, o IPCA bateu em 8,99%, de 8,35% em junho, indo muito além do teto da meta oficial para este ano — inflação de 3,75%, com margem de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.
O presidente do BC reiterou que a autoridade monetária tem reconhecido alta nos núcleos de inflação, mas repetiu que o BC vê acomodação no câmbio e nos preços de commodities.
Segundo Campos Neto, os vários ajustes de bandeira tarifária, em meio à crise hídrica, tiveram impacto forte na inflação, já que se espalham nas cadeias produtivas. Ele disse ainda que algumas dessas alterações de bandeira vieram “muito fora do esperado”.
“O Banco Central reage a isso (inflação) subindo os juros, uma linguagem de que vai perseguir a meta e alertando para todos os riscos que existe”, afirmou.
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Desde que elevou a Selic em 1 ponto no início de agosto, a 5,25% ao ano, o BC tem repetido que deverá repetir a dose na reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deste mês, mirando agora levar a taxa básica de juros para além do patamar neutro para conseguir ancorar as expectativas de inflação.
Ecoando suas falas públicas recentes, Campos Neto também buscou destacar que o quadro fiscal está bem melhor do que o esperado meses atrás, e que o Brasil conseguiu ir adiante com medidas estruturantes mesmo em meio à pandemia de Covid-19.
“As coisas nem sempre são do jeito que a gente quer, mas de uma forma geral eu acho que tem tido avanços”, afirmou.
“A gente precisa continuar passando mensagem de credibilidade para que, para frente, exista percepção de que governo está no caminho da disciplina fiscal. Eu tenho visto declarações do presidente (Jair Bolsonaro) sempre nesse sentido, de que tudo vai ser feito dentro do teto (de gastos), tenho visto outras declarações do governo, ministro Paulo Guedes, sempre nesse sentido”, completou.
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