A fuga de moeda na Argentina está acelerando e levantando novas dúvidas sobre a frágil economia em meio a negociações complexas com o Fundo Monetária Internacional para reestruturar mais de US$ 40 bilhões em dívida que o país não consegue pagar.
A escassez de divisa é um problema estrutural na Argentina, o que nos últimos anos provocou uma profunda depreciação do peso, alimentando uma inflação anual acima de 50% e empurrando mais de 40% da população à pobreza.
VEJA TAMBÉM: Dívida pública federal sobe 2,34% em novembro
Nos últimos quatro meses, as reservas do banco central caíram em cerca de US$ 7 bilhões, incluindo o pagamento de US$ 1,9 bilhão ao FMI ontem (22), ficando em torno de US$ 39,2 bilhões.
Desde outubro, os depósitos bancários particulares diminuíram em cerca de US$ 1 bilhão, a quase US$ 15,05 bilhões, segundo dados oficiais e do mercado.
Para alguns especialistas, as reservas líquidas do banco central são quase nulas, embora as estimativas sejam diferentes.
“O descrédito sobre a economia não acaba e as complicações são tão próprias do país que a busca de dólares não para. A redução das reservas e dos depósitos continuará, não só porque o peso não interessa a quase ninguém mas também porque a política não gera sinais de segurança”, afirmou Armando Rojas, analista da consultora privada Rojas.
O governo anterior estabeleceu em 2019 fortes restrições à compra de dólares no país para sustentar o valor do peso argentino, mas as complicações da economia local, aprofundadas pela pandemia de coronavírus, impediram a gestão atual de retirar esses limites.
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Para contornar as restrições, muitos argentinos recorrem aos mercados cambiais informais, no qual dólar é cotado a quase o dobro do mercado formal.
Se a perda de reservas do banco central continuar, as autoridades poderão ser obrigadas a adotar ainda mais limites à compra de divisas.
Analistas privados calculam, com base em dados oficiais, que existem cerca de US$ 250 bilhões em poupanças de argentinos fora do mercado formal ou depositados no exterior, em um reflexo da falta de credibilidade do sistema financeiro doméstico.