Após abrir a sessão em tom positivo, puxado pelos mercados internacionais, o Ibovespa inverteu o sentido e passou a operar em terreno negativo na tarde de hoje (3). Às 15h57 do horário de Brasília, o índice registra queda de 0,50%, a 104.300 pontos, e analistas apontam para cenário macroeconômico e temores fiscais como os principais motivos.
“O que pressiona o índice hoje são as empresas sensíveis à alta na curva de juros”, comenta Antonio Carlos Pedrolin, líder da mesa de renda variável da Blue3. “Os juros estão subindo por conta do Boletim Focus, que piorou a perspectiva da inflação de 2023, saindo de 3,38% para 3,41%, e do PIB de 2022, saindo de 0,42% para 0,36%. Então as construtoras, incorporadoras e as varejistas estão caindo forte.”
“O que está segurando um pouco esta queda é a Petrobras, que agora sobe 2,50% por conta da Líbia, que diminuirá a sua produção de petróleo”, complementa. O analista menciona também a alta dos bancos, que se recuperam das perdas da semana passada devido às notícias da desoneração nas folhas de pagamento.
Analistas do Terra Investimentos também comentam sobre o retorno dos temores fiscais: “Ricardo Barros [líder do governo na Câmara], em entrevista, defendeu a revisão do teto de gastos devido ao ‘excesso de arrecadação pelo avanço do comércio eletrônico, que o governo precisa gastar’.”
“Alguns pontos que foram defendidos foram maiores gastos com a tragédia na Bahia e boa remuneração para o funcionalismo público, classe que vem ameaçando greve nas últimas semanas, buscando reajustes salariais”, dizem os analistas.
Segundo Felipe Vella, analista técnico da Ativa Investimentos, a notícia retoma o “sentimento de receio pela segurança jurídica no país.”
“Essa é a realidade hoje, de janeiro, e pelo visto é a realidade do ano. Começou dando sinais de que poderíamos viver uma nova história, mas pelo visto voltamos à realidade”, aponta Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos.
O dólar opera em alta de 1,67%, negociado a R$ 5,6682. Alexandre Netto, chefe de câmbio da Acqua-Vero Investimentos, disse que essa alta é “um reflexo da forte desvalorização do dólar contra o real no pregão anterior”, com “alguns agentes realizando lucro, outros tomando posição em um dólar mais baixo”. (Com Reuters)