Qual o melhor investimento? Quanto aportar todo mês? Qual o investimento que rende mais? Essas perguntas se repetem centenas de vezes, diariamente, nas minhas redes sociais, e a resposta para cada uma delas é: depende!
Sei que parece um pouco decepcionante, mas, ao contrário, essa é a resposta mais honesta que você pode receber. Ao longo deste artigo vou explicar de forma bem simples a lógica dos investimentos e aportes e, certamente, você irá concordar que a resposta é essa mesma que eu disse.
Não existe uma “receita de bolo” que possa ser usada para sempre e a minha responsabilidade, como educador financeiro e analista CNPI, é dizer isso de forma muito transparente. Assim, você poderá gerenciar sua carteira sempre em linha com cada fase de sua vida, otimizando seus recursos financeiros.
Qual o melhor investimento?
Eu sei que você vê muitos rankings por aí, mas a verdade é que o melhor investimento é aquele que atende à sua necessidade pessoal.
Eu sei que, tecnicamente, o melhor investimento é aquele que oferece uma ótima rentabilidade. Mas temos aí uma subjetividade que é importante você compreender, para não sair investindo em algo só porque alguém disse que é bom. Afinal, bom para quem e para quê?
Não seria errado afirmar que 12% ao ano é uma excelente rentabilidade, certo? Entretanto, se seu objetivo pessoal for, por exemplo, fazer uma viagem daqui a um ano que irá custar R$ 20 mil e hoje você tem R$ 10 mil, a rentabilidade de 12% ao ano não vai lhe parecer boa, não é mesmo?
Nesse caso, você tem algumas alternativas: mudar o prazo para realizar a viagem, mudar o orçamento que quer destinar a ela ou procurar algum investimento cuja rentabilidade, ao final do período que você programou, dê a você exatamente o valor que você necessita.
Por outro lado, suponhamos que o montante inicial, somado à rentabilidade contratada, seja suficiente para o objetivo final. Qual a inflação projetada para o período da sua análise? Olhando para esse número, os 12% são bons ou ruins? São variáveis a considerar antes de dizer se um investimento é ou não o melhor pra você.
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O exemplo da viagem pode ser aplicado a quaisquer metas que você tenha para seus investimentos, desde a simples compra de um bem até a sua aposentadoria.
O melhor investimento sempre será aquele que lhe dá, ao final do período que você definiu, o montante necessário para a realização de um objetivo.
Quanto aportar todo mês?
Essa é uma resposta que somente você pode dar. É óbvio que aqui vale a matemática básica: quanto maior o aporte mensal, mais rápido atingirá sua meta financeira.
Porém, tudo na vida é equilíbrio. Você não deve negligenciar as necessidades do seu cotidiano e fazer sacrifícios além do razoável só em nome do aporte. Esse tipo de atitude tende a não durar e, além disso, pode causar muita ansiedade, o que não é saudável.
Sugiro que você transforme o aporte mensal numa espécie de prestação que o seu eu do presente paga mensalmente ao seu eu do futuro. O valor ideal deve ser um percentual compatível com sua receita e também com a meta definida.
Seja realista e lembre-se que é uma questão matemática: se você deseja ter, por exemplo, R$ 200 mil daqui a 24 meses, mas sua capacidade de aporte é de R$ 500 mensais, é matematicamente impossível alcançar os R$ 200 mil em 24 meses. Neste caso, você precisará definir o que irá mudar: a meta, o aporte ou o prazo.
Como minha amiga Nathalia Arcuri costuma brincar em alguns vídeos, “os números não mentem jamais”.
Quanto mais você se habituar a fazer contas, mais realista e prático será o seu planejamento financeiro. Isso evita frustrações, surpresas ruins e ajuda você a colocar sua energia naquilo que está sob o seu controle modificar.
Qual investimento rende mais?
Novamente vou precisar dizer que depende! Rende mais em relação a quê? Qual é a referência que você está utilizando?
Existem vários índices econômicos que balizam as análises financeiras no mercado. Por exemplo: CDI, Ibovespa, IFIX, IMA-B e tantos outros. Há, ainda, indicadores de mercado como o IPCA, IGPM etc, cujas variações você precisa entender e, assim, escolher investimentos que ajudem a proteger seu poder de compra.
Para o investidor iniciante, pode ser desafiador fazer essas comparações. Existem inúmeros simuladores de investimento online e gratuitos que podem ser úteis nessa tarefa. Use sem moderação, exercite seu raciocínio! Isso vai ajudar você a ter clareza quanto ao funcionamento dos juros compostos.
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Contudo, antes de definir qual será o benchmark a utilizar para escolher os ativos em que irá investir, além de se planejar com os passos que citei no início deste artigo, você precisa respeitar seu perfil emocional ao lidar com dinheiro.
De nada vai adiantar você ter como referência a variação do Ibovespa se, de antemão, você sabe que não consegue lidar com volatilidade e, portanto, não investiria em renda variável.
É uma questão prática: se você já sabe que não investiria na Bolsa de Valores, qual a utilidade de ficar comparando sua rentabilidade com a variação da Bolsa?
Isso seria o mesmo que você me dizer que a modalidade esportiva que mais queima calorias é o Ironman. Eu não sou atleta, não vou participar do Ironman, então comparar a queima calórica dessa atividade com o futevôlei na praia não me serve de nada.
Percebe a importância de adotar referências realistas e que estejam de acordo com o que você estaria genuinamente disposto a fazer?
Hoje não falei diretamente de ativos ou índices porque achei importante fazer, junto com você, reflexões que antecedem a sua escolha quanto ao melhor investimento.
Pense de forma honesta e realista sobre tudo isso e, garanto, vai ficar mais fácil colocar em prática tudo o que você aprender sobre investimentos.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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