O Brasil contabilizou em janeiro a maior entrada líquida de dólares pelo câmbio contratado em cinco meses, e fevereiro já começou em ritmo forte. Os ingressos somam mais de US$ 4 bilhões, mostraram dados do Banco Central divulgados hoje (9).
Neste mês, até dia 4, o país já recebeu US$ 4,23 bilhões – bem mais que os US$ 765 milhões do mesmo período de 2021.
Mais da metade da cifra de fevereiro, US$ 2,46 bilhões, foi registrada no dia 2. É o maior salto líquido diário desde 31 de julho de 2019 (quando foi de US$ 2,763 bilhões).
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No acumulado do ano, o superávit soma US$ 5,725 bilhões, depois de em janeiro o fluxo cambial ter ficado positivo em quase US$ 1,5 bilhão de dólares – maior valor desde agosto de 2021 (US$ 3,7 bilhões).
No período janeiro até os quatro primeiros dias úteis de fevereiro no ano passado, a sobra de moeda estrangeira tinha ficado em US$ 3,562 bilhões. E, apesar da decepção com o saldo comercial no ano passado, o fluxo cambial de 2021 teve melhor desempenho desde 2015.
Para o o economista-chefe da Santander Asset, Eduardo Jarra, o cenário global e o debate fiscal interno são agora mais relevantes para os rumos da taxa de câmbio no curto prazo do que o patamar final da Selic.
O fluxo estrangeiro é atraído em parte pelo aumento dos retornos embutidos em contratos de renda fixa lastreados em real – que para um ano estão em mais de 11,5%. Mas segundo Jarra, o diferencial de taxas já está em patamar razoável e discutir se a Selic parará de subir em 11,75% ao ano ou 12,25%, por exemplo, é mais acessório em termos de cenários para o câmbio.
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O dólar passou a mostrar queda acentuada na tarde de hoje (9), deixando para trás máximas intradia na casa de US$ 5,29, conforme investidores avaliavam as perspectivas para a política monetária do Banco Central do Brasil.
O movimento do mercado doméstico também refletia a fraqueza do dólar no exterior frente a moedas de países emergentes, à medida que operadores aguardavam uma leitura de inflação dos Estados Unidos, a ser divulgada amanhã (10).