O setor de varejo precisa estar em constante evolução para acompanhar as novas tendências do mercado e se beneficiar de inovações tecnológicas, como o metaverso e a tecnologia 5G, além de outras novidades que devem movimentar o setor em 2022.
Essa foi a conclusão geral dos participantes do Interactive Retail Trends, realizado na terça-feira (1º) em São Paulo (SP). O evento, que reuniu grandes nomes do mercado, trouxe ao Brasil os principais pontos debatidos no Retail Big Show 2022, a maior feira de varejo do mundo, organizada anualmente em Nova York pela National Retail Federation (NRF) dos EUA.
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Um ponto de consenso entre os debatedores do evento – que incluem Abílio Diniz, Luiza Trajano e o ministro das comunicações, Fábio Faria – é a necessidade de o setor investir cada vez mais em inovação e em conhecer seus consumidores.
“Temos que olhar para a inovação. O que eu posso fazer dentro deste mundo atual? Não estou falando de e-commerce, estou falando de inovação mesmo. Eu acho que o setor vai continuar crescendo, apesar da inflação, mas ele tem que crescer dessa forma, com coisas que realmente surpreendam e encantem o consumidor”, diz Abílio, membro do conselho de administração do Carrefour Brasil e do Carrefour global.
O fundador do Grupo Pão de Açúcar considera que 2022 será desafiador por causa da forte inflação, da alta dos juros e da eleição presidencial, que devem afetar todo o mercado, e não apenas o varejo.
“Este é um ano de olhar para o espelho e não para a janela. Pense no que você pode fazer pelo seu negócio, e não em pedir ajuda para o outro pela janela”, afirma Abílio.
Para Luiza Trajano, presidente do conselho do Magazine Luiza, está no momento de agir. “Depois dessa pandemia, percebemos que tudo é pra já. Não adianta programar, planejar e não fazer, o varejo não nasceu pra isso. O varejo está pronto para a pós-Covid, o varejo é o pra já. É necessário fazer acontecer, organizar, colocar em prática, mais do que nunca”, dia ela.
Tecnologias
O ministro das Comunicações, Fábio Faria, ressaltou os benefícios que a implementação do 5G no Brasil deve trazer para o setor.
Segundo Faria, o modo de lidar com importação, exportação, transporte, logística e distribuição, e até a maneira de consumir em lojas físicas vai mudar completamente.
Desde caminhões autônomos, passando por robôs organizando os centros de distribuição, entregas de compras em 15 minutos e consumo em lojas físicas sem provadores, o 5G promete muitas novas experiências, diz ele.
“A Anac já permitiu a entrega de pedidos por drones. O próximo passo é investir em veículos autônomos para facilitar a logística. Eu acredito que em dez anos todos os veículos de transporte serão autônomos.”
O metaverso também terá papel importante no desempenho dos varejistas em 2022. Um exemplo é o Walmart, que abriu uma “loja física” em que os usuários do metaverso compram seus produtos de forma virtual e recebem em domicílio, sem a necessidade de sair de casa.
Da seleção dos produtos nas prateleiras ao pagamento, tudo é virtual e se assemelha muito a um jogo.
“Acredito que o varejo e muitos outros setores precisam estar por dentro das novas tecnologias, pois elas são o nosso futuro”, completa o ministro.
Fim das lojas físicas?
Os especialistas e players do mercado que participaram do evento apontam para o contrário: a tendência é que os varejistas façam esforços para unir as lojas físicas aos e-commerces e juntar as forças dos dois modelos.
Para Abílio Diniz, a loja física é fundamental para sustentar o e-commerce, principalmente pensando na distribuição e na volta do consumo presencial. Trajano compartilha dessa visão.
“O digital é commodity agora, ele é uma cultura, não opção. Desde que eu comecei a participar da NRF, os executivos primeiro levaram a loja física para o hospital, depois para a UTI, depois enterraram a loja física… mas nós continuamos firmes. A loja física não vai acabar, mas ela vai mudar, como já está mudando”, avalia Abílio.
ESG
Talvez um dos assuntos mais comentados, tanto no evento dos Estados Unidos, quanto no do Brasil, foi o ESG, sigla que significa práticas voltadas para o meio ambiente, questões sociais e de governança.
A maioria das empresas de relevância no país já coloca em prática diversas iniciativas voltadas para ESG e os investidores estão cada vez mais de olho na postura das companhias em relação a isso.
Para Luiza Trajano, práticas ESG já não são mais uma opção, e sim uma obrigação. “O consumidor mudou e está pedindo pelo ESG. Hoje, ou entra ou não entra, não tem opção mais. Se tem uma loja que alguém trata mal uma pessoa negra, dali um pouquinho todos nas redes sociais ficam sabendo, mesmo a empresa sendo pequena. Então, é necessário tomar essa consciência”, afirma.