O grupo hospitalar Rede D’Or revelou ontem (23) que acertou a compra da SulAmérica, ilustrando o processo de consolidação do setor de saúde no Brasil acelerado após a pandemia da Covid-19.
A operação, toda em ações, avalia a seguradora em cerca de R$ 13 bilhões com base em dados de valor de mercado da SulAmérica na B3. O negócio marca também a maior aquisição da Rede D’Or desde que a companhia estreou na B3 em maio passado, com uma oferta inicial de ações (IPO) de R$ 11,5 bilhões.
O anúncio acontece apenas alguns dias após a conclusão da fusão entre Hapvida e Notre Dame Intermédica, anunciada em fevereiro de 2021.
A própria Rede D’Or tem acelerado seu crescimento por meio de aquisições, incluindo de redes de hospitais menores. Em dezembro, recebeu sinal verde do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) para elevar fatia na Qualicorp.
A Rede D’Or também fez oferta para comprar a rede de diagnósticos médicos Alliar no ano passado, mas desistiu da disputa com o empresário Nelson Tanure. A Rede D’Or ainda esteve envolvida em rumores de que estaria negociando a compra da operadora de planos de saúde Amil.
Pela operação anunciada ontem, aprovada pelo conselho de administração das duas empresas, a holding controladora da SulAmérica será extinta e sucedida pela Rede D’Or. Os acionistas da SulAmérica ficarão com 13,5% do capital da Rede D’Or. A transação envolve prêmio de 49,3% aos acionistas da SulAmérica com base em 18 de fevereiro.
Pelos termos do acordo, os controladores da SulAmérica se obrigaram a não negociar proposta concorrente à da Rede D’Or sob pena de multa de R$ 2 bilhões.
A notícia da compra, revelada pelo jornal “O Globo” minutos antes do fechamento do mercado, provocou uma disparada dos papéis das companhias na B3. A unit da SulAmérica avançou 25,2%, enquanto a ação da Rede D’Or cresceu 8,8%.
Prejuízo
O anúncio da venda para a Rede D’Or veio no mesmo dia em que a SulAmérica divulgou que teve prejuízo de R$ 31,2 milhões no quarto trimestre, ante lucro de R$ 42,6 milhões um ano antes, com forte piora nos índices de sinistralidade. O indicador consolidado passou de 79,5% no quarto trimestre de 2020 para 88,4% no final do ano passado.
A piora na sinistralidade foi atribuída pela companhia à maior frequência de procedimentos eletivos, com a retomada de procedimentos médicos postergados, e atendimentos em pronto socorro e custos associados a hospitalizações por Covid-19.
A SulAmérica citou ainda a aplicação do reajuste negativo na carteira de planos de saúde individuais por ordem da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), com um impacto estimado de aproximadamente R$ 100 milhões nas receitas em 2021, sendo R$ 57 milhões no quarto trimestre.