Rodadas de investimentos são a principal ferramenta utilizada por startups para acelerar o crescimento. Nelas, os empreendedores apresentam seus projetos para investidores, que, se interessados, disponibilizam capital com a condição de obterem uma participação acionária no negócio.
É importante entender que as rodadas de investimentos não são empréstimos. Ou seja, os investidores não estão emprestando dinheiro que será devolvido depois, e sim fazendo investimentos com a finalidade de participarem nos ganhos futuros da empresa.
“Esses aportes costumam ser estruturados de acordo com o nível de maturidade e grau de risco das investidas. Quanto mais inicial é a empresa, menor é a rodada”, explica Bernardo Martins, head de educação do Grupo Solum.
Quais são os tipos de rodadas de investimentos?
Existem cinco tipos principais de rodadas de investimentos. Nos seus estágios mais avançados, elas passam a ser conhecidas como “séries” e os nomes seguem a ordem alfabética.
Pré-seed: Indicado para projetos ainda incipientes, que estão em busca de recursos para validar um modelo de negócio. A aposta é principalmente na ideia dos fundadores, e menos em dados ou indicadores concretos.
Aqui, é comum haver o envolvimento de investidores-anjo, que são pessoas físicas com capital próprio que, além de oferecerem recursos financeiros ao empreendimento, trazem valor agregado através de suas experiências e expertises. Também pode haver capital de amigos ou familiares.
Os valores de investimento normalmente chegam a até R$ 1 milhão nesta etapa.
Seed: Indicado para projetos já validados, que buscam a confirmação do modelo de negócio na prática e início da fase de expansão. Os recursos captados são utilizados, principalmente, para o desenvolvimento do produto e o crescimento da equipe.
Também é comum que sejam realizadas mais pesquisas sobre o mercado-alvo e a adequação do produto, conceito conhecido como “product-market fit”. O empreendedor já deve estar preparado para mostrar aos investidores as projeções do negócio e as oportunidades disponíveis.
Os valores de investimento costumam ficar entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões.
Série A
Indicada para negócios que já alcançaram o mercado almejado e buscam tração para atingir novos consumidores ou lançar novos produtos.
Nessa rodada, os investidores já estão de olho em dados concretos e passam a analisar o que a empresa fez com os investimentos que recebeu anteriormente. É necessário mostrar quais métricas estão sendo aprimoradas e o potencial disso gerar lucros a longo prazo.
Os valores ficam entre R$ 5 milhões e R$ 40 milhões.
Série B
Indicada para negócios que buscam acelerar o ritmo de crescimento. Essa é a rodada inicial da fase de escala mais acentuada.
“É importante haver a consolidação dos processos internos para a escalabilidade que virá no médio prazo”, explica Camila Nasser, CEO da plataforma de investimentos Kria. “Como os aportes aumentam, o nível de governança esperada pelos investidores também aumenta.”
Essa etapa também pode envolver novas contratações ou otimização de processos já estabelecidos. Os valores costumam superar R$ 30 milhões.
Série C e seguintes
Indicada para negócios em crescimento acelerado, que buscam uma maior profissionalização e consolidação no mercado em que atuam. Também pode envolver expansão para mercados internacionais ou estratégias de fusões e aquisições.
Nessa etapa, investidores buscam empresas que possam receber investimentos bilionários e garantir retornos exponenciais. Os aportes podem chegar às centenas de milhões de reais.
As próximas rodadas são Série D, Série E, Série F e assim por diante, até a empresa realizar um IPO (oferta pública inicial).
É importante notar que a duração de cada rodada de investimentos varia muito. Nos estágios iniciais, ela pode levar poucas semanas ou até dias, enquanto nos estágios mais avançados é comum que ela chegue a nove meses ou mais.
Variáveis a considerar
A trilha de captação descrita acima, porém, não é obrigatória. Como explicam os especialistas consultados pela Forbes, algumas empresas iniciam a captação a partir da Série A, enquanto outras são adquiridas antes de chegarem na Série C.
“Não existe um caminho ideal, mas acelerar o crescimento é um imperativo desse mercado”, afirma Nasser. “O único ponto de atenção é crescer com eficiência, pois muito dinheiro disponível também pode atrapalhar.”
Nesse sentido, é importante avaliar bem quem serão os investidores escolhidos. Os especialistas citam o conceito de “smart money”, que prevê a busca por investidores qualificados que trazem um know-how específico do mercado visado pela empresa, bem como uma rede de contatos relevantes, mentoria e suporte em geral.
Encontrar investidores desse tipo ocorre de maneiras diferentes. Nos estágios iniciais, por exemplo, os empreendedores podem tanto ir atrás de fundos ou investidores de maneira autônoma, quanto plataformas de investimentos podem apresentar empresas para esses potenciais investidores.
Segundo um estudo da plataforma Distrito, as empresas brasileiras receberam R$ 48 bilhões em aportes em 2021, valor 2,5 vezes maior do que o registrado em 2020. Ainda assim, o valor é muito pequeno quando comparado ao dos Estados Unidos, onde os aportes excederam R$ 1,5 trilhão, segundo dados da CB Insights.
“O mercado de venture capital norte-americano é maior e mais maduro, representando cerca de 50% do total investido no mundo”, avalia Martins. “Por isso, ele é mais amplo e diverso, e existem investidores com teses de investimento mais sofisticadas e específicas.”
“Mas o mercado brasileiro vem crescendo e amadurecendo, e tem apresentado oportunidades interessantes para os empreendedores”, diz.