Após faturar R$ 1,9 bilhão em vendas em 2021, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior, a Sonepar Brasil, distribuidora de materiais elétricos, prevê um 2022 mais modesto. Entre os planos da empresa, porém, está investir ainda mais em soluções sustentáveis, tanto para as suas próprias operações quanto para as de seus clientes.
“O segmento está se movimentando de maneira muito forte em busca de uma maior eficiência energética”, afirma Yannick Laporte, CEO da operação brasileira da companhia. Em 2019, a empresa mediu pela primeira vez a sua pegada de carbono e estabeleceu metas ESG (referentes a critérios ambientais, sociais e de governança) para reduzi-la.
Hoje, as 78 filiais já contam com softwares de mapeamento e gestão de consumo de energia. A empresa também estuda a adoção de uma frota híbrida, composta por veículos elétricos – setor que deve impulsionar a receita dos próximos anos.
“O setor de materiais elétricos tem a tendência de crescer um pouco mais do que a média do PIB [Produto Interno Bruto], porque há uma iminência de eletrificação [das frotas] dos países”, explica o executivo.
Diante das necessidades de redução de custos dos clientes, a empresa lançou um trabalho de curadoria para promover produtos que apresentam melhor eficiência energética. No ano passado, foi lançado o primeiro “catálogo verde” da Sonepar Brasil, resultado de uma análise completa de todos os produtos disponibilizados por seus fornecedores.
Apesar do crescimento, a empresa não passou imune pelos gargalos nas cadeias logísticas que surgiram como resultado da pandemia da Covid-19. Segundo Laporte, a escassez de alguns materiais obrigou a companhia a buscar substitutos e aumentar estoques.
Por outro lado, a aposta na economia circular reduziu alguns desses riscos. A Dimensional, uma das empresas que compõem a Sonepar, por exemplo, passou a fazer o retrofit de equipamentos elétricos de automação – ou seja, a troca de peças e modernização desses aparelhos, eliminando a necessidade de substituir o equipamento inteiro.
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“Nós, como distribuidores de materiais de energia, temos a responsabilidade de contribuir com a redução da pegada de carbono dessa cadeia”, diz o CEO. “A vantagem é que há uma demanda cada vez maior por soluções nessa linha.”
Perspectivas da indústria brasileira
Durante a pandemia, a Sonepar Brasil conseguiu manter um bom ritmo de crescimento graças ao aumento da demanda dos clientes do setor de saúde e o baixo patamar da taxa de juros, que ficou em torno de 2% ao ano. A empresa, afinal, também atua no setor de construção civil, e se beneficia dos períodos em que os financiamentos ficam mais baratos.
Para 2022, Laporte espera um ano com mais obstáculos, mas ainda assim prevê que a Sonepar Brasil crescerá 10% em relação ao ano passado.
O CEO cita como fatores que influenciarão as operações as estimativas de que a taxa Selic chegue a 12,25% em dezembro e que o PIB seja de apenas 0,3% em 2022. Já o PIB industrial deve recuar cerca de 1% sob o impacto do desabastecimento de matérias primas e insumos produtivos, do encarecimento dos custos de produção e da baixa confiança dos investidores.
Mas Laporte faz uma ressalva: “O Brasil é muito grande e diverso, então sempre existe a oportunidade de algum segmento continuar crescendo.” Nesse sentido, ele cita os setores de agronegócio, mineração, celulose e siderurgia como exemplos que devem apresentar bom desempenho neste ano.
As estimativas do executivo estão em linha com as de bancos como o Bradesco BBI, que no início do ano divulgou um relatório argumentando que, com a adoção pela China de políticas pró-crescimento, os setores de mineração e de siderurgia devem se tornar os mais promissores do momento.
Mas, mesmo nos setores mais afetados, há oportunidades de negócios. O empresário estima, por exemplo, que deve haver aumento na procura de soluções para a economia de energia, uma vez que essas empresas precisarão reduzir gastos.
“Diante disso, os planos da Sonepar envolvem consolidar ainda mais a nossa presença no mercado brasileiro, onde já somos líderes, e explorar mais as pequenas e médias indústrias”, conta Laporte.
“Também mantemos os nossos olhos abertos para novas possibilidades de aquisição”, diz ele, acrescentando que por enquanto não tem nenhuma empresa no radar.