O Credit Suisse elevou sua projeção para a taxa Selic em 2022 e 2023 diante da expectativa de aceleração da inflação com o choque de oferta gerado pelo conflito Rússia-Ucrânia, mas manteve a estimativa de que o Banco Central reduzirá o ritmo de aperto na reunião da próxima semana, com uma alta de 1 ponto percentual da taxa básica de juros.
O banco prevê agora que a Selic chegará ao final deste ano em 13,25%, ante uma estimativa anterior de 12,75%, com a expectativa de altas maiores do que o previsto anteriormente para maio e junho, de 0,75 p.p. em cada reunião.
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As projeções para inflação foram elevadas para 7% em 2022 (6,2% antes) –quando a avaliação é de que o aumento de preços de alimentos e gasolina mais do que compensarão a redução do IPI– e para 4% em 2023 (de 3,8%), diante do efeito inercial.
Em relatório, o banco ponderou que, dadas as grandes incertezas no cenário e o fato de o país já estar adiantado em seu aperto monetário, idealmente seria mais apropriada uma estratégia de altas graduais ao longo de um “período consistente de tempo”.
“No entanto, não é o momento de testar a credibilidade do Banco Central e uma redução maior do que a esperada no ritmo de aperto poderia ser vista pelo mercado como um fator que conteria tanto a apreciação cambial como uma redução nas expectativas de inflação para 2023 e 2024”, disse o banco.
O BC elevou a Selic em 1,5 p.p., para 10,75%, em sua reunião de fevereiro e indicou uma desaceleração do ritmo de aperto para a decisão a ser tomada em 15 e 16 de março.
O Credit Suisse melhorou a projeção para taxa de câmbio para R$ 5,1 ao final deste ano, de R$ 5,5 antes, citando o impacto positivo sobre os fluxos da alta do preço das commodities e do aumento da Selic.
Sobre o quadro fiscal, o banco afirma que a inflação mais elevada e preços mais altos de commodities devem favorecer as contas este ano, quando é estimado um déficit primário de 1,3% do PIB, mas que as perspectivas seguem frágeis.
As estimativas do Credit Suisse ainda não contemplam eventuais medidas do governo para conter os preços dos combustíveis e o banco afirma que todas as alternativas na mesa trazem riscos de minar a credibilidade do governo de estabilizar sua dívida.
“O impacto fiscal, seja por meio do subsídio ou da tributação, é alto, em troca de uma redução bem menor dos preços”, diz o banco.