A tripulação do superiate do bilionário russo Alisher Usmanov, atracado na cidade alemã de Hamburgo, foi inteira demitida devido a sanções impostas pelos Estados Unidos e União Europeia como punição à invasão da Ucrânia pela Rússia.
O iate tem mais de 150 metros e está avaliado em quase US$ 600 milhões (R$ 3 bilhões). A empresa que emprega os 96 funcionários da embarcação, Sarnia Yachts, com sede no Reino Unido, afirmou no início desta semana que “a operação normal do iate cessou” e que não pode mais pagar seus salários.
Usmanov, um dos primeiros investidores do Facebook, foi sancionado na semana passada pela UE, EUA, Reino Unido e Suíça. Seu iate é registrado nas Ilhas Cayman por meio de uma empresa sediada em Malta. Normalmente, empresas como a Sarnia celebram contratos de serviço com terceiros que emitem contratos para a tripulação e depois enviam faturas mensais ao proprietário do iate.
“As implicações dessas sanções acabaram com várias empresas que apoiam a tripulação, incapazes de continuar suas linhas normais de negócios”, disse o comunicado da Sarnia Yachts, completando que a tripulação “não pode continuar [empregada] como resultado das sanções impostas”.
No entanto, o texto afirma que os salários finais serão pagos diretamente por Usmanov – o que via de regra não acontece. Como bilionários geralmente terceirizam o fluxo de pagamentos, a estrutura de propriedade torna difícil para o governo alemão vincular o barco diretamente a Usmanov para fins de sanções.
O superiate, chamado Dilbar, está coberto por uma lona em uma doca seca, o que significa que não poderá sair de lá tão cedo. De acordo com o Ministério da Economia e Inovação do de Hamburgo, a embarcação precisa de uma licença de exportação para partir.
Uma pequena tripulação do estaleiro alemão Lürssen, onde o superiate está estacionado, cuidará da sua “segurança e proteção”. Os porta-vozes de Usmanov e Lürssen, procurados pela Forbes, não quiseram comentar. Um representante da Sarnia Yachts não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Uma fonte da indústria de iates, que conversou com a Forbes sob condição de anonimato, disse que é improvável que o estaleiro esteja atravessando as sanções ao empregar uma tripulação menor, porque a Lürssen tem o dever de manter a segurança básica do enorme iate pelo tempo que permanecer nos seus estaleiros.
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Os salários das tripulações de iates variam de cerca de US$ 3.300 (R$ 16.700) por mês para um marinheiro a quase US$ 33.000 (R$ 167 mil) para capitães de uma embarcação do tamanho do Dilbar.
Antes da invasão da Ucrânia colocar em evidência os iates de oligarcas russos, havia uma escassez de tripulações de iates em todo o mundo. Isso significa que não deve ser muito difícil para a antiga equipe do Dilbar encontrar emprego em outro lugar.
No entanto, a proliferação de sanções e apreensão de iates – autoridades italianas embargaram dois iates de bilionários russos na última sexta-feira – significa que outras empresas podem em breve enfrentar os mesmos problemas. Por isso, já estão tomando medidas para se preparar para possíveis sanções aos proprietários dos iates onde empregam tripulações: a criação de novas empresas offshore, distanciando ainda mais as empresas dos proprietários primários, é um dos principais caminhos.