Com a expectativa de crescer exponencialmente nos próximos anos, o metaverso vem atraindo cada vez mais a atenção de investidores que querem diversificar suas carteiras através da exposição aos mundos virtuais. Segundo especialistas consultados pela Forbes, existem quatro maneiras principais de investir nesse universo.
Vale a pena investir no metaverso?
É importante notar que todas as opções de investimentos mencionadas são de renda variável e envolvem alto risco. Portanto, elas são indicadas principalmente para investidores com perfil arrojado, que podem arcar com o prejuízo de perder todos os valores investidos.
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Ainda assim, os especialistas reforçam que, dependendo da estratégia do investidor, pode ser interessante já começar a expor a carteira ao metaverso, afinal, esse mercado ainda deve crescer bastante.
Segundo Felipe Medeiros, analista e sócio da Quantzed Criptos, citando um relatório do Citibank, a economia do metaverso pode alcançar um valor de mercado entre US$ 8 trilhões e US$ 13 trilhões (R$ 37 trilhões e R$ 61 trilhões) até 2030.
“Já existem muitas sinalizações de grandes players do mercado mundial de que o metaverso é inevitável e deverá pautar grande parte das interações sociais em um futuro não muito distante”, diz o analista.
Ações de empresas ligadas ao metaverso
A maneira mais fácil de investir no metaverso é através da aquisição de ações de empresas que vêm expandindo sua presença nesse mercado. É o caso do Facebook, que em outubro do ano passado passou a se chamar Meta, marcando o seu interesse em se tornar um dos pioneiros dos mundos virtuais.
Embora as ações da Meta (FB) sejam negociadas no mercado acionário norte-americano, é possível adquiri-las no Brasil através de BDRs (Brazilian Depositary Receipts), sob o ticker FBOK34.
Outras grandes empresas que já anunciaram investimentos no metaverso são Microsoft (MSFT34), que adquiriu a Activision Blizzard por R$ 324 bilhões em fevereiro, como uma forma de preparar a sua entrada nesse mercado, e o Google (GOOGL34), que lançou um fundo de private equity de R$ 183 milhões voltado para projetos no metaverso.
Até mesmo empresas brasileiras, como Itaú (ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3) e Lojas Renner (LREN3), já anunciaram projetos nesse meio, lançando servidores exclusivos e construindo lojas virtuais que seus clientes podem visitar.
Essas opções de investimentos não oferecem exposição direta ao metaverso, tendo em vista que existem outros fatores que influenciam o desempenho das ações. Porém, elas são vantajosas ao protegerem o investidor das grandes volatilidades típicas desse mercado.
Fundos de investimentos e ETFs
No Brasil, existem poucos fundos ligados ao metaverso e abertos ao investidor de varejo. Os principais investem no metaverso por meio de ativos de empresas que se relacionam com o tema. É o caso do Vitreo Metaverso, negociado como Vitreo Metaverso Ações FIA BDR Nível I, que investe em empresas globais que adotam ou desenvolvem a tecnologia blockchain.
Nvidia (NVDC34), Unity (U2ST34), Roblox (R2BL34) e a própria Meta são algumas das empresas que compõem a carteira teórica do fundo, e ele ainda conta com uma alocação estratégica de até 10% em NFTs (tokens não-fungíveis) ligados ao metaverso.
Há ainda o Trend Metaverso FIA BDR Nível I, da XP Investimentos, que visa replicar o Bloomberg Metaverse Index, composto por cerca de 30 ações globais relacionadas ao metaverso.
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Ainda dentro da categoria de fundos, outra opção é investir em ETFs (fundos de índices).
O NFTS11, por exemplo, é o único ETF negociado na B3 que dá exposição direta às criptomoedas ligadas ao metaverso. Ele segue o índice MVIS CryptoCompare Media & Entertainment Leaders, e investe em ativos como Decentraland (MANA), Gala (GALA), Chiliz (CHZ) e The Sandbox (SAND).
É preciso notar, porém, que esses fundos costumam vir com taxas de administração e de performance, que podem consumir parte dos rendimentos. Além disso, o investidor deve sempre avaliar sua estratégia de investimentos e seu perfil de risco antes de tomar qualquer decisão – e, em caso de dúvidas, procurar um profissional credenciado para buscar orientações.
Criptoativos
Também é possível investir diretamente nos criptoativos ligados a projetos no metaverso ou utilizados dentro desses mundos virtuais. Decentraland (MANA), The Sandbox (SAND), Axie Infinity (AXS) e Star Atlas (ATLAS) são alguns dos principais, e fazem parte dos projetos considerados mais promissores desse universo.
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Desses, Medeiros, analista diz que TheSandbox se encontra na fase mais avançada. “Antes do lançamento da fase alpha, já era possível transitar por espaços criados por grandes franquias como Atari, The Walking Dead e The Smurfs, além de ter experiências em shows de cantores como Snoop Dogg.”
É necessário ter em mente que, assim como com qualquer outro tipo de investimento, a diversidade deve ser o princípio orientador dos aportes no metaverso. Ou seja, mesmo investindo em projetos confiáveis e promissores, é recomendável distribuir os seus recursos entre eles.
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Medeiros explica que existe também a possibilidade de investir em projetos que fornecem infraestrutura para construção de metaversos, como a blockchain Ethereum (ETH).
Outro caso é a empresa Yugga Labs, criadora da famosa coleção de NFTs “Bored Apes”, que captou R$ 2,1 bilhões para construir um metaverso que conecta várias coleções de NFT. É possível investir no projeto através da compra do token APE.
Investimentos dentro das plataformas
A maneira mais “complexa” de investir no metaverso é através da compra de terrenos virtuais e do desenvolvimento de soluções dentro dos próprios mundos virtuais.
No Decentraland, por exemplo, usuários podem comprar terrenos através de um marketplace. Os preços partem de aproximadamente 3 mil ETH (cerca de R$ 54 mil) e podem chegar à casa dos milhões. Os valores são definidos de acordo com diversas variáveis, incluindo a localização do terreno.
“Mas vale lembrar que, mesmo que você tenha comprado o ‘Cristo Redentor’ de um metaverso, podem existir outros ‘Cristos Redentores’ em outros metaversos”, diz Rocelo Lopes, especialista em blockchain. “Ou seja, apenas o fato de ter um terreno bom não quer dizer que ele vai se valorizar, porque isso também depende do sucesso do projeto.”
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Lopes afirma que outra forma de lucrar é através do desenvolvimento de soluções para empresas. Esse é o caso de usuários que criam edifícios e vendem essas infraestruturas para construtoras, que as utilizam para oferecer uma experiência mais imersiva aos seus clientes.
Os usuários que possuem terrenos ou construções diferenciadas também podem disponibilizar esses lugares para visitação através da cobrança de uma taxa, que funciona como uma fonte de renda passiva.