A dívida pública federal do Brasil caiu 2,89% em março sobre fevereiro, a R$ 5,565 trilhões, informou o Tesouro Nacional hoje (28), mencionando uma melhora no cenário dos países emergentes apesar de um ambiente externo com fatores negativos, e ponderando que os riscos aumentaram em abril.
No mês passado, a dívida pública mobiliária interna teve recuo de 2,69%, a R$ 5,343 trilhões. O movimento é resultado de um grande volume de vencimentos de títulos, o que resultou em um resgate líquido de R$ 204,7 bilhões.
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No período, houve uma redução de 16,03% na reserva de liquidez do Tesouro, de R$ 1,278 trilhão para R$ 1,073 trilhão.
Nos próximos 12 meses está previsto o vencimento de R$ 1,225 trilhão em títulos da dívida interna. Com o volume disponível em caixa, o Tesouro consegue quitar 9,8 meses de vencimentos.
De acordo com o coordenador-geral de operações da dívida pública do Tesouro, Luís Felipe Vital, é natural que haja resgate líquido em meses com volumes elevados de vencimentos de papeis. Nesses momentos, o governo consome seu colchão de liquidez para não ter que ampliar emissões em condições desfavoráveis.
“O Tesouro não precisa fazer emissões de pior qualidade em função desses vencimentos grandes, essa flutuação é absorvida pelo colchão de liquidez”, disse. “O colchão de liquidez segue em nível bastante confortável”.
De acordo com o Tesouro, houve melhora nos prêmios de risco de nações emergentes em março apesar da guerra na Ucrânia, do novo surto de Covid-19 na China e do possível ciclo mais agressivo de aperto monetário nos Estados Unidos.
No mês, o CDS (credit default swap) do Brasil, que mede o risco relacionado ao país, caiu 6,54%, segundo o Tesouro, a 208 pontos base.
Em março, houve um alongamento do prazo médio de vencimento dos títulos brasileiros para 3,97 anos, ante 3,86 anos registrados em fevereiro.
O custo médio do estoque da dívida pública federal apresentou redução, passando de 8,68% ao ano em fevereiro para 8,59% ao ano no mês passado. Na dívida interna, o custo do estoque subiu de 9,25% para 9,65% ao ano.
O custo médio das novas emissões da dívida interna também cresceu, indo de 9,5% para 10,5% ao ano.
Ainda de acordo com o dados, investidores estrangeiros reduziram a participação na dívida interna de 10% para 9,4%, um recuo de R$ 45,7 bilhões.
Para o mês de abril, o Tesouro aponta uma ampliação dos riscos, provocando uma elevação nas taxas de juros no Brasil, com pressões inflacionárias em diversas economias, além da guerra e do surto de Covid na China.
Vital ressaltou que o evento que mais tem chamado a atenção em abril é a perspectiva da política monetária nos Estados Unidos, que tem ampliado a volatilidade no mercado.
“É um cenário de maior aversão ao risco, mais volatilidade e piora na percepção de risco dos emergentes”, afirmou.