De acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas), há cerca de 854 milhões de pessoas mal-nutridas no mundo. Mas a tragédia pode ser ainda maior. Até 2025, a estimativa é de que os famintos cheguem a 1,6 milhão de pessoas. Nesta semana, os líderes de instituições financeiras, como Fundo Monetário Internacional (FMI), da Organização Mundial do Comércio (OMC), e do Banco Mundial entraram nas discussões. Eles defenderam na sexta-feira (22), que seja orquestrada uma ação rápida em torno de um novo plano de ação para a segurança alimentar. E que esse plano seja preparado pelas IFIs (instituições financeiras internacionais).
“É realmente urgente fazê-lo funcionar para evitar que as pessoas morram desnecessariamente”, disse Kristalina Georgieva, diretora-gerente do FMI, em evento realizado como parte das reuniões de primavera do FMI e do Banco Mundial. Em um comunicado, após o evento, ela afirma que “a invasão da Ucrânia pela Rússia criou uma crise em cima de uma crise – com custos humanos devastadores e um enorme revés para a economia global.”
O World Economic Outlook projeta uma desaceleração do crescimento global para 3,6% em 2022, depois dos 6,1% em 2021. A previsão de rebaixamento ocorre para 143 países, grupo que representa 86% do PIB global.
“A inflação está atingindo os níveis mais altos vistos em décadas. Os preços acentuadamente mais altos de alimentos e fertilizantes pressionam as famílias em todo o mundo – especialmente para os mais pobres. E sabemos que crises alimentares podem desencadear agitação social”, diz Georgieva.
Para ela, uma lição importante deixada pela crise alimentar de 2007/08 foram as ações rápidas e coordenadas para manter o comércio aberto, apoiar as famílias vulneráveis, garantir uma oferta agrícola suficiente e lidar com as pressões financeiras. Em relação à reunião, Georgieva afirmou que apoia totalmente a proposta de Janet Yellen, secretária do Tesouro norte-americano “para um Plano de Ação das IFIs”.
Entre as propostas do FMI está o financiamento da balança de pagamentos em função da subida dos preços dos alimentos. “Existem atualmente 40 países com programas ativos apoiados pelo FMI que podem ser ampliados para atender às necessidades de financiamento adicionais”, afirma. “Também estamos prontos para responder a solicitações de financiamento de outros países, seja por meio de programas tradicionais ou financiamento de emergência, quando apropriado.”
Georgieva também disse que o FMI vai implantar um novo programa, o Resilience and Sustainability Trust, para ajudar os países a adaptar a agricultura a novos modelos que tenham em sua execução a mitigação dos efeitos climáticos adversos. “Sabemos que a fome é o maior problema solucionável do mundo. Uma crise iminente mostra que é a hora de agir de forma decisiva – e resolvê-la.”
Na reunião, o presidente do Banco Mundial, David Malpass, disse que um passo crítico seria obter maior transparência sobre os estoques de alimentos dos países para ajudar os mercados a funcionar melhor.
No início do mês passado, a ONU, por meio de seu Programa Mundial de Alimentos, fez um alerta ressaltando que os níveis dos estoques de alimentos em todo o mundo são os mais baixos dos últimos 30 anos. Junte-se a isso uma alta volatilidade de mercado. Analistas preveem que a pressão sobre os preços dos alimentos não deve ser passageira, ela tende a perdurar pelos próximos anos. (Com Reuters)