O dólar caía acentuadamente hoje (17), indo abaixo da marca psicológica de R$ 5 conforme investidores repercutiam a possibilidade de alívio nas restrições de combate à Covid-19 na China, em dia de forte desvalorização da moeda norte-americana no exterior.
Às 10:19 (de Brasília), o dólar à vista recuava 1,56%, a R$ 4,9720 na venda, rondando as mínimas do dia. A última vez que a divisa fechou um pregão abaixo dos R$ 5 foi no dia 4 deste mês, quando ficou em R$ 4,9020 na venda.
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Na B3, às 10:19 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento caía 1,76%, a R$ 4,9940.
Fernando Bergallo, diretor de operações da assessoria de câmbio FB Capital, disse à Reuters que as movimentações dos ativos antes da abertura do mercado já indicavam “movimento nítido de inclinação a risco, e, portanto, acho que o ‘driver’ principal é o cenário externo”.
Ele destacou o noticiário sobre a disseminação da Covid-19 na China, que dava sinais de arrefecimento. Xangai, por exemplo, atingiu o esperado marco de três dias consecutivos sem novos casos de Covid-19 fora das zonas de quarentena hoje (17). Essa conquista geralmente significa um status de “zero Covid” para as cidades chinesas e o início da suspensão de restrições de combate à doença.
Os mercados internacionais haviam sofrido nas últimas semanas por temores de que lockdowns na segunda maior economia do mundo levariam a uma desaceleração econômica mundial. Colocando panos quentes sobre esses medos por ora, dados desta terça mostraram que o crescimento do PIB da zona do euro foi mais forte do que o anteriormente esperado no primeiro trimestre.
Nesse contexto, o índice do dólar – que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas – caía 0,66%, a 103,470 no exterior, ficando bem abaixo de um pico em duas décadas atingido na semana passada.
A moeda norte-americana também recuava contra a maioria das divisas de países emergentes ou sensíveis às commodities, com destaque para rand sul-africano, que avançava mais de 1%. Bergallo disse o movimento nos mercados de câmbio de países em desenvolvimento também reflete o avanço dos contratos futuros do petróleo Brent e do minério de ferro nesta sessão.
Evidenciando o ambiente de maior apetite por risco, todas as principais bolsas da Europa registravam ganhos superiores a 1% nesta manhã, deixa que era acompanhada pelos futuros de Wall Street. [.EUPT] [.NPT]
O departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco chamou a atenção em relatório para a agenda de hoje (17), que contará com discurso do chair do banco central dos Estados Unidos, Jerome Powell, a partir de 15h (de Brasília). A expectativa é de que ele dê pistas sobre os próximos passos de política monetária do Federal Reserve. Comentários mais agressivos de Powell em relação à inflação tendem a beneficiar o dólar.
Com o desempenho desta manhã, o dólar volta a ficar abaixo da marca psicologicamente importante de R$ 5, embora ainda esteja distante de sua média móvel linear de 50 dias, em torno de R$ 4,90, uma importante barreira técnica.
A moeda norte-americana cai quase 11% frente à brasileira até agora em 2022, mas está 7,7% acima da mínima de encerramento deste ano, de R$ 4,6075, atingida no início de abril.
O real havia sido bastante beneficiado no primeiro trimestre pelo ambiente de juros domésticos elevados – que tende a atrair recursos para o mercado de renda fixa – e pela disparada dos preços de várias commodities no mercado internacional.
A taxa Selic está atualmente em 12,75% ao ano.
A moeda norte-americana à vista fechou a última sessão em queda de 0,14%, a R$ 5,0507 na venda.
Neste pregão, o Banco Central fará leilão de até 15 mil contratos de swap cambial tradicional para fins de rolagem do vencimento de 1° de julho de 2022.