SÃO PAULO (Reuters) – Analistas do BTG Pactual esperam resultados ‘decentes’ para Itaú Unibanco e Bradesco no segundo trimestre, após reunirem-se com ambos, de acordo com relatório enviado a clientes, no qual também afirmaram que os papéis estão com múltiplos atrativos.
Eduardo Rosman e equipe observaram que o mercado de crédito continua bastante ativo, mas que a originação está desacelerando na margem, o que eles avaliam que deve levar a uma desaceleração do crescimento até o final do ano.
“Com mixes ‘melhorando’ e mais dias úteis, espera-se que a margem financeira (NII) de cliente se expanda em níveis saudáveis na base trimestral”, afirmaram no relatório com data de segunda-feira, citando ainda que o segmento de seguro tem surpreendido para cima.
Eles ponderaram, contudo, que a inadimplência continuará em alta, pressionada pelo segmento varejo. Também estimam que as provisões para perdas com empréstimos devem aumentar, mas devem ser parcialmente compensados por recuperações de dívidas.
“Nós sentimos que ambos os bancos estão cada vez mais preocupados com a inadimplência de cartões de crédito ultimamente”, afirmaram.
De acordo com os analistas, o Itaú mencionou que tem visto taxas de inadimplência se recuperando mais rápido do que o esperado em cartões de crédito originados em canais ‘alternativos’, como parcerias com varejistas. E o Bradesco indicou que está se tornando mais rigoroso com novos clientes e limites de crédito.
Eles reforçaram que o feedback dos bancos foi de que as projeções permanecem bastante válidas. “Se a qualidade dos ativos em empréstimos ao consumidor não garantidos se deteriorar um pouco mais do que o esperado inicialmente, não é a parte mais significativa de suas carteiras de crédito”, escreveram.
A divisão de banco de atacado está indo muito bem, relataram os analistas, com margem financeira (NII), tarifas e seguros crescendo melhor do que nos anos anteriores, fazendo com que os níveis atuais de retorno sobre patrimônio (ROE) pareçam sustentáveis.
Para Itaú, o BTG estima um lucro líquido de 7,4 bilhões de reais no segundo trimestre, enquanto Bradesco deve mostrar um lucro de 6,9 bilhões de reais no período.
Rosman e equipe ressaltam que os bancos brasileiros estão acostumados a operar em ambientes como o que se está enfrentando.
“É um cenário muito mais familiar do que estávamos antes com a Selic em um dígito muito baixo, capital barato para novos entrantes e um regulador que estava focado principalmente em aumentar a concorrência – com seu foco agora mudando para política monetária/contenção da inflação.”
Apesar de considerar os múltiplos de ambos atrativos após a correção recente nos mercados e ter recomendação de ‘compra’ para os dois, os analistas reiteraram a preferência pelas ações de Banco do Brasil e Itaú no setor.
Por volta de 12h30, a ação preferencial de Itaú Unibanco cedia 0,7% e o papel preferencial de Bradesco caía 0,3%, enquanto o Ibovespa subia 0,6%. Na véspera, Itaú saltou 4,4% e Bradesco avançou 2,7%.
(Por Paula Arend Laier; edição de André Romani)