Por Andre Romani
SÃO PAULO (Reuters) -O Carrefour Brasil espera investimentos e gastos de 2,1 bilhões de reais para a conversão de cerca de um terço das lojas adquiridas do Grupo BIG.
A informação foi divulgada no final de semana e detalhada nesta segunda-feira por executivos da companhia. A aquisição do BIG pelo Carrefour Brasil cria um gigante de 104 bilhões de reais em vendas brutas, com base nos números de 2021, e foi concluída no início de junho.
Das 374 lojas do BIG adquiridas, número que já exclui aquelas que serão vendidas por determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), 122 serão convertidas em outras bandeiras ou formatos – o Carrefour fala em 124 conversões, já que duas lojas BIG a serem transformadas em Sam’s Club vão virar hipermercado e clube.
O Carrefour Brasil vai transformar 38 pontos do Maxxi Atacado, 4 Todo Dia e 28 hipermercados BIG em Atacadão, a maior bandeira de atacarejo do país. Além disso, mais 47 lojas do BIG vão virar hipermercados Carrefour e outras sete serão convertidas em Sam’s Club.
O Carrefour Brasil fará uma análise anual de suas lojas para avaliar necessidade de novas conversões no futuro, disse o presidente do grupo, Stéphane Maquaire, em conferência com analistas. Os supermercados adquiridos do BIG, como as marcas Nacional e Bompreço, inicialmente não sofrerão conversões.
As conversões devem ser concluídas até o final do ano que vem, sendo que em 89 delas – as que são apenas de bandeiras, e não de formato, como de Maxxi para Atacadão, por exemplo – as lojas ficarão fechadas por apenas três dias. As 35 transformações restantes necessitarão de fechamento dos pontos por dois meses.
A expectativa é que as transformações gerem ganhos de margem ao Carrefour Brasil. O Maxxi Atacado tem margem de 4% a 6%, abaixo da registrada pelo Atacadão, que tem de 7% a 8%. Já os hipermercados BIG têm margem de 4% a 6%, menor quando comparada ao Atacadão, ao hipermercado Carrefour (6% a 7%) e ao Sam’s Club (10% a 11%).
Os números, segundo o diretor financeiro do Carrefour Brasil, David Murciano, são “margens em nível de loja” já vistas atualmente e não consideram custos das unidades de negócios como um todo.
Os executivos explicaram que a escolha das conversões levou em conta fatores como geografia e poder de compra em cada localidade.
Maquaire disse que parte dos hipermercados BIG já vinha sendo transformado em atacarejo pelos antigos controladores do BIG, por isso o número de conversão de BIG a hipermercados Carrefour é maior do que para Atacadão (47 a 28), embora ele destaque a importância do formato de maior abrangência. “Nós achamos muito relevante ter hipermercados”, afirmou, observando, por exemplo, o papel dessas lojas em termos de distribuição para o comércio eletrônico.
SAM’S CLUB, HIPERCARD
O Sam’s Club deve ser um novo foco de crescimento do grupo, segundo Murciano. O formato, um clube de compras com presença de produtos importados e na qual apenas sócios podem consumir, é visto, junto com os serviços financeiros do grupo, como um acelerador de crescimento para além das sinergias já calculadas.
Maquaire disse que o contrato com o Walmart sobre os direitos do Sam’s Club encerra-se em 2026 e que o grupo já negocia uma renovação. O formato vem enfrentando arrefecimento de margem diante dos efeitos do dólar nas importações, mas a empresa espera normalização no médio e longo prazo.
O Carrefour manteve a expectativa de ganhos de cerca de 2 bilhões de reais em lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) por ano até 2025 com a aquisição do BIG. Além dos gastos e investimentos para conversão, a companhia divulgou impacto negativo de 300 milhões de reais no Ebitda por conta de despesas extraordinárias entre 2022 e 2023.
Sobre as operações financeiras, “é natural” que o Carrefour Brasil converse com o Itaú Unibanco sobre o Hipercard, afirmou Murciano, quando questionado sobre a possibilidade de incorporação da financeira ao Banco Carrefour.
O Hipercard pertence ao Itaú Unibanco, que também detém fatia no Banco Carrefour.
Apesar do foco do Carrefour Brasil seguir na integração do BIG, esperada para durar 18 meses, o grupo segue avaliando possibilidades de fusões e aquisições, disseram os executivos.
(Edição Alberto Alerigi Jr.)