A taxa de desemprego no Brasil caiu mais do que o esperado no trimestre até maio e foi abaixo de 10% pela primeira vez desde o início de 2016, com o país registrando o maior número de pessoas ocupadas da série histórica, mas ainda com fortes perdas de rendimento.
A taxa de desemprego brasileira atingiu 9,8% no trimestre até maio, ante 11,2% nos três meses imediatamente anteriores, encerrados em fevereiro.
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O dado da Pnad Contínua divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) hoje (30) é o mais baixo desde a taxa de 9,6% vista nos três meses até janeiro de 2016 – também última vez em que ficou em apenas um dígito.
A leitura ainda é a menor para trimestres encerrados em maio desde 2015 (8,3%) e ficou abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters de 10,2%. Nos três meses até abril, a taxa havia sido de 10,5%.
Depois de a taxa de desemprego no Brasil ter chegado perto de 15% com as medidas de restrição contra a Covid-19, o mercado de trabalho vem apresentando recuperação, principalmente depois de o setor de serviços ter se favorecido com a vacinação.
Nos três meses até maio, o Brasil tinha 97,516 milhões de ocupados – o maior contingente da série histórica, iniciada em 2012 -, o que representa uma alta de 2,4% sobre o trimestre até fevereiro e de 10,6% ante o mesmo período de 2021.
Já o total de desempregados caiu 11,5% sobre os três meses imediatamente anteriores, a 10,631 milhões. Ante o trimestre até maio de 2021 a queda foi de 30,2%.
“Foi um crescimento expressivo e não isolado da população ocupada. Trata-se de um processo de recuperação das perdas que ocorreram em 2020, com gradativa recuperação ao longo de 2021”, explicou a coordenadora da pesquisa, Adriana Beringuy.
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“No início de 2022, houve uma certa estabilidade da população ocupada, que retoma agora sua expansão em diversas atividades econômicas”, completou.
Os trabalhadores com carteira assinada no setor privado aumentaram 2,8% no trimestre até maio sobre o período imediatamente anterior, enquanto os que não tinham carteira cresceram 4,3%.
Já a taxa de informalidade foi de 40,1% da população ocupada, contra 40,2% no trimestre anterior e 39,5% no mesmo trimestre de 2021, de acordo com o IBGE.
Mas apesar da melhora do mercado de trabalho, isso não está se traduzindo em melhora do rendimento, com os trabalhadores sofrendo ainda com a inflação elevada.
Nos três meses até maio, o rendimento real do trabalhador foi de R$ 2.613, estabilidade frente ao trimestre imediatamente anterior e queda de 7,2% sobre o mesmo período de 2021.
“Essa queda do rendimento é puxada, inclusive, por segmentos da ocupação formais, como o setor público e o empregador. Até mesmo dentre os trabalhadores formalizados há um processo de retração”, disse Beringuy, explicando que isso pode ser efeito da própria inflação, mas também da estrutura de rendimento atual dos trabalhadores, com um peso maior de trabalhadores com rendimentos menores.