A união das palavras “futebol” e “investimento” traz à mente as grandes negociações realizadas pelos times, como aquisições de jogadores, contratações de novos técnicos e outras situações que envolvem altos valores.
Mas, além de torcer e acompanhar o esporte dentro do campo, os entusiastas do futebol também têm a possibilidade de comprar ações de alguns dos maiores clubes do mundo que são negociadas nas bolsas estrangeiras.
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Na visão de Guilherme Ávila, responsável pela área de esportes do braço de investment banking da XP, a indústria do futebol como um todo passa por um momento muito positivo, o que torna os ativos dos clubes interessantes.
Na Europa, onde estão alguns dos maiores times de futebol do mundo, existem grandes equipes listadas nas bolsas de valores. O maior deles em valor de mercado é o Manchester United (MANU), clube inglês negociado na New York Stock Exchange (NYSE) e avaliado em US$ 1,7 bilhão (R$ 9,1 bilhões). Nos últimos cinco anos, as ações caíram 49,6% e hoje em dia são negociadas a US$ 10,63 (R$ 57,4), de acordo com o fechamento dos mercados de quarta-feira (13).
Os papéis do segundo maior time listado, a Juventus (JUVE), também perderam 41,3% no mesmo período e valem € 0,34 (R$ 1,84) na Bolsa Italiana. O valor de mercado do clube é de € 884,1 milhões (R$ 4,8 bilhões).
O Borussia Dortmund, negociado na Bolsa de Frankfurt, na Alemanha, ocupa a terceira posição entre os maiores clubes negociados em bolsa, com capitalização de € 391,4 milhões (R$ 2,1 bilhões). Nos últimos cinco anos, os papéis do time perderam mais de 50% do seu valor e são negociados atualmente a € 3,54 (R$ 19,2).
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Entre os dez times listados, cinco apresentaram desempenho positivo no período, com destaque para as ações do Benfica (SLBEN), que subiram 166%. Os papéis da Roma (ASR) ficaram no zero a zero.
A valorização das ações das equipes está ligada não apenas à receita, mas também ao desempenho em campo, diz Ávila. “O resultado financeiro do time tem relação direta com a performance esportiva. Aqueles com maior número de premiações, maior engajamento do público e melhor desempenho em campo tendem a ver os papéis responderem positivamente.”
Para investir nesses ativos, é importante estar atualizado com as notícias do mercado do futebol. Um exemplo foi a chegada do jogador Cristiano Ronaldo na Juventus, em 2018. Desde o início dos rumores sobre a aquisição até a estreia em campo, os ativos da equipe subiram 30%.
Confira as ações dos times listados nas bolsas internacionais:
Manchester United (MANU)
Onde são negociadas: NYSE
Variação das ações nos últimos cinco anos: -49,6%
Valor de mercado: US$ 1,7 bilhão (R$ 9,1 bilhões)
Juventus (JUVE)
Onde são negociadas: Bolsa Italiana
Variação das ações nos últimos cinco anos: -41,3%
Valor de mercado: € 884,1 milhões (R$ 4,8 bilhões)
Borussia Dortmund (BVB)
Onde são negociadas: Bolsa de Frankfurt
Variação das ações nos últimos cinco anos: -55%
Valor de mercado: € 391,4 milhões (R$ 2,1 bilhões)
Roma (ASR)
Onde são negociadas: Bolsa Italiana
Variação das ações nos últimos cinco anos: 0,00
Valor de mercado: € 269,7 milhões (R$ 1,4 bilhão)
Ajax (AJAX)
Onde são negociadas: Bolsa de Amsterdam
Variação das ações nos últimos cinco anos: +13,2%
Valor de mercado: € 224,5 milhões (R$ 1,2 bilhão)
Celtic (CCP)
Onde são negociadas: Bolsa de Londres
Variação das ações nos últimos cinco anos: -15,2%
Valor de mercado: £ 103,9 milhões (R$ 665,9 milhões)
Benfica (SLBEN)
Onde são negociadas: Euronext Lisboa
Variação das ações nos últimos cinco anos: +166,6%
Valor de mercado: € 82,8 milhões (R$ 442,1 milhões)
Lazio (LAZI)
Onde são negociadas: Bolsa Italiana
Variação das ações nos últimos cinco anos: +20,4%
Valor de mercado: € 68 milhões (R$ 363,1 milhões)
Sporting (SPSO)
Onde são negociadas: Euronext Lisboa
Variação das ações nos últimos cinco anos: +8,1%
Valor de mercado: € 54 milhões (R$ 292,2 milhões)
FC Porto (FCPP)
Onde são negociadas: Euronext Lisboa
Variação das ações nos últimos cinco anos: +26,4%
Valor de mercado: € 19,1 milhões (R$ 103,7 milhões)
Investimentos nos times brasileiros
O Brasil ainda está um pouco distante de ter times de futebol com ações negociadas em bolsa, mas o primeiro passo já foi dado. Em 2021, foi aprovada a lei nº. 14.193, que autorizou os clubes a se tornarem sociedades anônimas (SAFs).
Na prática, isso significa que os clubes agora podem se tornar empresas, o que permite a entrada de investidores externos e, futuramente, uma listagem na Bolsa brasileira.
“Com a nova lei, foram criadas condições mais favoráveis para os investidores apostarem nos clubes brasileiros, como aspectos tributários positivos e novas maneiras de renegociar dívidas”, diz Ávila.
Em sua visão, a movimentação também é positiva para os times. Botafogo e o Cruzeiro, por exemplo, já aderiram ao novo modelo. Vasco, Portuguesa, Santa Cruz, Bahia e Atlético-MG estão no processo para se tornarem SAFs.
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O responsável por esportes da XP acredita que o maior desafio é a organização da governança dos clubes. “O modelo de empresas de capital aberto não permitiria a entrada dos times sabendo da forma que eles são geridos”, afirma Ávila.
Ele acredita que o primeiro passo não é pensar na listagem e sim focar nos benefícios de ter novos investidores, como o capital, a governança, a gestão e os resultados. “Assim, em um futuro, alguns clubes estarão aptos a abrir capital, com um perfil mais maduro beneficiado pela nova gestão”, diz Ávila.
As perspectivas do analista para os próximos anos são positivas. “Estamos super otimistas com o avanço do futebol brasileiro e acreditamos que o cenário de investimentos só vai se aprimorar ao longo dos próximos anos”.