Após o último encontro do Federal Reserve (banco central dos EUA), realizado em junho, para decidir a política monetária do país, os membros do comitê sinalizaram um novo aumento de juros da mesma magnitude do aprovado naquele momento: de 0,75 ponto percentual.
A alta de 0,75 ponto percentual em junho foi a maior desde 1994 e foi decidida de última hora, depois que dados de inflação de maio indicaram um novo recorde no aumento dos preços em 12 meses.
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O cenário atual é similar ao da última reunião. Em junho, o índice de preços ao consumidor dos Estados Unidos registrou alta de 9,1% em 12 meses, frente a uma projeção de 8,8% do mercado. Trata-se da maior inflação desde 1981.
Já o índice de preços ao produtor voltou ao patamar recorde de 11,3% no período de um ano findo em junho, ante expectativa de 10,7% das projeções e recuo para 10,8% em maio.
Quando os números foram divulgados, o mercado se apressou em ampliar suas apostas para um aumento de juros de maior proporção pelo Fed, de 1 ponto percentual. Mas membros do Fomc (Comitê de Política Monetária dos Estados Unidos) vieram a público para indicar que o consenso ainda aponta para um aumento de 0,75, como já sinalizado.
Christopher Waller, um dos membros do Fomc mais incisivos no apoio ao aumento dos juros, endossou o reajuste de 0,75 ponto percentual, e o presidente do Fed de Atlanta, Raphael Bostic, avisou que um aumento muito maior teria efeitos colaterais negativos na economia dos EUA.
Juros surpresa
Outros bancos centrais ao redor do mundo estão enfrentando desafios semelhantes aos do Fed e estão respondendo surpreendendo investidores e analistas do mercado financeiro.
O BCE (Banco Central Europeu) elevou os juros em 0,50% na semana passada, um valor maior do que o sinalizado na reunião anterior, de 0,25%, e não deu pistas do tamanho do aumento do próximo mês.
O Banco do Canadá optou por um aumento inesperado de 1 ponto percentual da taxa de juros no início deste mês – o órgão não havia indicado anteriormente que planejava um reajuste.
Segundo analistas ouvidos pela Reuters, o caso do Federal Reserve é diferente. O chefe do banco central da maior economia do mundo tem interesse em garantir que os mercados não subestimem ou superestimem o que está por vir, por isso mantém as sinalizações de suas intenções.
Alta agora e menor alta depois
Amanhã (27), o mercado espera uma nova elevação de 0,75 ponto percentual nos juros, para em setembro o aumento diminuir para 0,50 ponto percentual. Para os dois últimos encontros do ano, a expectativa do mercado é de elevações de 0,25% em cada um.
Considerando que atualmente os juros dos Estados Unidos estão entre 1,50% e 1,75%, os aumentos sinalizados elevariam as taxas do país para a faixa entre 3,25% e 3,50% ao final de 2022 – o nível mais alto desde o início de 2008, ano da crise financeira global.
Uma pesquisa realizada pela Bloomberg com 44 economistas, entre os dias 15 e 20 de julho, indicou que a expectativa do mercado é de que o Fed ainda elevará os juros em mais 0,25 ponto percentual(27) no início de 2023, atingindo um pico de 3,75% antes de pausar as elevações e depois começar a cortar as taxas antes do final do ano.