A Petrobras (PETR3 e PETR4) informou hoje (28) que reduzirá em 3,88% o preço da gasolina a partir de sexta-feira (29) para as distribuidoras, em movimento que pode deixar a cotação interna mais baixa do que o visto no exterior, preocupando importadores que teriam negócios inviabilizados.
O preço médio de venda de gasolina da Petrobras passará de R$ 3,86 para R$ 3,71 por litro, uma redução de 15 centavos por litro, disse a companhia.
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Esta é a segunda redução que a empresa fez no combustível neste ano. A primeira, de 4,9%, entrou em vigor na semana passada.
A companhia afirmou, em nota, que “a redução acompanha a evolução dos preços de referência, que se estabilizaram em patamar inferior para a gasolina”, e que busca o equilíbrio dos seus preços com o mercado global, mas sem o repasse da volatilidade conjuntural das cotações internacionais e da taxa de câmbio.
Segundo a Petrobras, considerando a mistura obrigatória de 73% de gasolina A (pura) e 27% de etanol anidro para a gasolina comercializada nos postos, a parcela da empresa no preço ao consumidor passará, em média, de 2,81 reais para 2,70 reais a cada litro vendido na bomba.
O preço nos postos inclui margens de distribuidoras, revendedores, tributos, além do valor do etanol.
O corte no preço pela Petrobras tem potencial de adicionar pressão aos valores, que vêm caindo nos postos após cortes de tributos, incluindo o ICMS.
A redução foi anunciada um dia depois de a empresa aprovar uma diretriz que incorpora uma “camada adicional de supervisão” da execução das políticas de preços de combustíveis pelos conselhos de administração e fiscal, formalizando o acompanhamento desse importante tema por esses colegiados.
A diretriz reiterou a competência da diretoria da empresa para a execução da política de preços, diante de temores do mercado sobre eventual ingerência do governo de Jair Bolsonaro nas cotações.
Petrobras reduz acima do esperado
Para o presidente da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom), Sérgio Araujo, a redução foi acima do “tecnicamente indicado”, uma vez que pode deixar o combustível no país mais barato que o visto no mercado externo, inviabilizando importações, importantes para o equilíbrio do mercado.
Segundo relatório mais recente da entidade, a diferença positiva no mercado interno em relação aos preços internacionais era de 7 centavos por litro, em média, antes do movimento da Petrobras, que reduziu o preço em 15 centavos.
“No entanto, com a volatilidade, pode ser que no final do dia de hoje ou na abertura do mercado de amanhã essa diferença pode ser menor. Mas, de qualquer forma, a redução foi maior do que esperávamos”, disse Araujo.
Hoje, a diferença positiva para o diesel é maior, de 10 centavos por litro. Chegou a 29 centavos na sexta-feira passada. Mas Araujo não acredita em uma redução nos próximos dias em função da maior restrição da oferta do combustível no mercado global –o país importa mais diesel que gasolina, normalmente.
Ele não vê, por enquanto, interferência do governo na decisão de hoje da Petrobras.
“No comunicado divulgado pela Petrobras ontem, nós entendemos que foi uma ratificação da necessidade de ela acompanhar a paridade internacional. O que esperamos é que essa atitude de hoje, essa ação seja feita também quando o mercado reagir pra cima”, disse Araujo.
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