No mundo dos investimentos, é necessário estar preparado para as altas e baixas do mercado. Apesar de nem sempre ser possível prever como estará a economia nos próximos meses, como foi o caso das mudanças causadas pela pandemia do Covid-19 e pela guerra na Ucrânia, existem situações que são um pouco mais previsíveis e permitem que o investidor organize seu portfólio com antecedência.
Este é o momento que o país vive agora, após o Banco Central sinalizar, na última ata do Copom (Comitê de Política Monetária), que não fará novos aumentos na taxa básica de juros, atualmente em 13,75% ao ano. A movimentação coloca um ponto final nos sucessivos reajustes da taxa Selic que começaram em março de 2021.
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A Forbes consultou especialistas para entender qual é a melhor forma de se preparar para o momento, pergunta que trouxe uma resposta em consenso: diversificação.
Para Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, os efeitos da alta taxa de juros ainda devem ser sentidos por um bom tempo, já que os aumentos demoram em torno de seis meses a um ano para impactar a economia real.
“O que estamos sentindo hoje é uma taxa de juros do mesmo período do ano passado, que estava em torno de 6% ao ano, o que significa que no dia a dia dos brasileiros a Selic continua em tendência de alta”, explica Sá.
Ou seja, a população deve continuar sentindo o encarecimento do crédito nos próximos meses, seja no momento de contratar um empréstimo ou de financiar um veículo, por exemplo.
Porém, do lado positivo, Eliz Sapucaia, analista da Terra Investimentos, acredita também que já é possível perceber, mesmo que de forma leve, a resposta da economia aos reajustes dos juros.
“O cenário econômico tem respondido à política monetária adotada e setores com maior valor agregado estão começando a demonstrar alguma retração em suas atividades. Em paralelo, a inflação está desacelerando, principalmente puxada pela redução do ICMS dos combustíveis e da energia, que teve impacto quase imediato no IPCA”, afirma Sapucaia.
Nesse sentido, o Banco Central deve começar a reduzir a Selic no meio de 2023, na visão de Igor Cavaca, gestor de investimentos da Warren.
“Acreditamos que o Copom tende a trabalhar com esse patamar de juros até uma redução expressiva dos níveis inflacionários, para após isso reverter a política monetária intensamente contracionista. Acreditamos que a redução da Selic possa ocorrer a partir de meados de 2023. Isso tende a ser impactado caso seja observada uma redução do crescimento econômico brasileiro e mundial”, diz Cavaca.
Enquanto a redução não aparece no radar, a estagnação da taxa dá destaque para algumas modalidades de investimentos, como a renda fixa, que ganhou força no último ano e continua sendo uma boa opção no momento, na visão dos analistas.
“A atratividade da renda fixa está subindo desde o ano passado, acompanhando o aumento dos juros, principalmente em títulos atrelados à Selic, como o Tesouro Selic, que está com rendimento de 13,75% ao ano. Os títulos atrelados à inflação também estão subindo por causa da inflação em constante alta”, comenta a chefe de economia da Rico.
Porém, é possível perceber que os títulos pré-fixados, aqueles que têm sua taxa de rentabilidade determinada no momento da contratação, estão com uma leve vantagem em relação aos pós-fixados, que acompanham as variações dos indicadores como inflação e taxa de juros em tempo real.
A analista da Terra explica que essa preferência é justificada pela possibilidade da queda desses indicadores nos próximos meses, o que tornará as rentabilidades menos atrativas. Desta forma, os investidores estão buscando os títulos pré-fixados pela segurança de saber que contarão com o mesmo rendimento de hoje no futuro.
“Estamos percebendo que as taxas pré-fixadas de longo prazo estão mais baixas que as de curto prazo. No caso dos títulos indexados ao IPCA, as taxas pré-fixadas desse tipo de papel têm demonstrado um crescimento. Esse é outro indicativo de que o mercado está trabalhando com a inflação ancorada”, explica Sapucaia.
Para Rachel de Sá, a incerteza fiscal também reforça a rentabilidade maior no curto prazo, já que o financiamento de longo prazo fica cada vez mais caro.
Porém, ela afirma que a Bolsa brasileira continua com bastante desconto e traz grandes oportunidades para os investidores, mas é preciso analisar o contexto desses papéis para entender quais se beneficiam da inflação alta e quais têm menor volatilidade, entre outras variáveis.
“Tem líderes de mercado na nossa Bolsa, há histórias de microempresas muito positivas, então é preciso analisar o que faz sentido para o perfil do investidor, qual é o seu objetivo para entender quais papéis valem a pena”, diz. “É importante ter cautela. Nem tudo está barato e nem tudo que caiu vai subir”, complementa.
Para os analistas, existem diversos ativos para diversificar a carteira e não sofrer tanto com as altas e baixas do mercado. Sá aponta ações e títulos de renda fixa negociados nos Estados Unidos. Sapucaia cita sobre um portfólio de renda fixa variado, com exposição pós-fixada, pré-fixada e atrelada a um índice de inflação. Já Cavaca prioriza o pensamento de longo prazo focado nos papéis negociados na Bolsa de Valores brasileira.
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