O IPCA-15 registrou em agosto a maior deflação desde 1991, sob os efeitos de medidas que ajudaram na queda dos preços de combustíveis e energia elétrica, com a taxa em 12 meses indo abaixo de 10% pela primeira vez em um ano.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) teve neste mês recuo de 0,73%, depois de alta de 0,13% em julho, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Acompanhe em primeira mão o conteúdo do Forbes Money no Telegram
Foi a primeira deflação mensal do índice –considerado uma prévia do IPCA, que baliza o regime de metas de inflação– desde maio de 2020 (-0,59%), a primeira para agosto desde 2010 (-0,05%) e a menor taxa de variação desde o início da série histórica, em novembro de 1991.
No entanto, a queda dos preços foi menos intensa do que se esperava em pesquisa da Reuters, que apontava recuo de 0,81%.
Com essa leitura, o IPCA-15 passou a acumular em 12 meses alta de 9,60%, de 11,39% no mês anterior, mas ainda bem acima do teto da meta oficial para a inflação neste ano, de 3,50%, com margem de 1,50 ponto percentual para mais ou menos, medida pelo IPCA –já abandonada pelo Banco Central.
A expectativa para o dado em 12 meses era de avanço de 9,5%.
Os preços dos combustíveis tiveram em agosto queda de 15,33%. A gasolina recuou 16,80% –dando a maior contribuição negativa ao índice do mês (-1,07 ponto percentual)– e o etanol, 10,78%. Com isso, o grupo Transportes apresentou queda de 5,24%.
Já os custos de Habitação caíram 0,37%, com as contas da energia elétrica residencial ficando 3,29% mais baratas.
O resultado do mês ainda mostrou efeito residual da lei que estabelece um teto para as alíquotas de ICMS sobre os setores de combustíveis, gás, energia, comunicações e transporte coletivo.
Para os combustíveis, ainda contribuiu corte de preços anunciado pela Petrobras (PETR3/PETR4) no fim de julho. No entanto, analistas alertam que a melhora do mercado de trabalho e nova rodada de estímulos fiscais apresentam riscos de alta para a inflação no médio prazo.
Já a maior alta em agosto foi registrada pelos preços de Alimentação e bebidas, de 1,12%, com aumento de 14,21% nos preços do leite longa vida. Frutas (2,99%), queijo (4,18%) e frango em pedaços (3,08%) também subiram, e com isso os custos da alimentação no domicílio se elevaram 1,24% em agosto.
Mesmo com a indicação de que o pior já passou para a inflação, o BC elevou no início de agosto a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, para 13,75%, e disse que avaliará a necessidade de ajuste residual nos juros em sua reunião de setembro.
O BC alertou ainda que o prolongamento de políticas temporárias de apoio à renda pode elevar prêmios de risco do país e as expectativas de inflação. Na véspera, o presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, disse que a inflação de 2022 no Brasil será de aproximadamente 6,5% ou talvez um pouco menor, ressaltando não estar celebrando esse possível resultado.
A pesquisa Focus mais recente realizada pelo BC com uma centena de economistas mostra que a expectativa é de que a inflação termine este ano a 6,82%, indo a 5,33% em 2023.